Caso Clínico - Sistema Nervoso IV.

Hoje é o dia dos estudantes de medicina juntamente com a ACS, avaliarem o cartão de vacina das crianças. Dona Judite, moradora da casa 18, apavorada chamou a ACS Zulmira e os estudantes de medicina para ver sua filha Grace Kelly de 2 anos que acordou sem forças nas pernas e nos braços, com dificuldade para andar e não acerta mais levar o copo a boca, porque erra a direção. Zulmira perguntou se ela apresentou mais alguma coisa nos últimos dias. Dona Judite disse que na semana passada ela teve um pouco de febre e ficou toda “molinha” por uns 4 dias, então levou no posto e a médica falou que podia ser uma virose e que era para observar e oferecer bastante liquido. Zulmira avaliou o cartão de vacina de Grace, o qual estava faltando as vacinas após os 9 meses, então encaminhou a criança para ser avaliada na UBS, falou da importância de dar todas as vacinas e orientou completar o cartão de vacina somente após ser avaliada pelo médico e melhora do quadro atual.

Tônus Muscular X Controle Motor

TÔNUS: O TÔNUS é o estado de tensão elástica (ou contração leve mantida) que apresentam os músculos em repouso.

  • Este estado de tensão permite começar o movimento imediatamente após receber os impulsos nervosos cerebrais.
  • Podem ser voluntários, quando dobramos o braço.
  • Involuntárias as contrações de músculos como o do coração. Não temos o “poder” de mandar o coração bater ou parar de).

– É o estado parcial de contração de um músculo em repouso.

– O tônus muscular pode apresentar-se alterado numa avaliação diagnóstica. Quando o tônus muscular estiver aumentado (musculatura rígida), denomina-se hipertonia e quando o tônus apresentar-se diminuído (musculatura flácida), denomina-se hipotonia.

Controle Motor: Reporta-se sobre como os movimentos são produzidos e controlados, dando ênfase na relação entre o Sistema Nervoso Central e a coordenação de músculos e articulações, facilitando os movimentos e proporcionando informações sensoriais do meio ambiente e do próprio corpo, que são utilizadas na coordenação e controle dos mesmos.

– Habilidade motora

Tarefa com finalidade específica que exige movimentos voluntários do corpo e/ou membros para alcançar um objetivo (ex.: correr, lançar bola, tocar piano, dançar, etc). logo, habilidade motora é o movimento voluntário realizado de forma a atingir uma meta com máxima certeza e o mínimo de esforço e tempo.

1-Habilidade motora grossa

 São habilidades motoras fundamentais que utilizam um grupo muscular maior para que haja uma produção de ação ou ações, que necessitem de uma menor precisão na execução dos movimentos (ex.: caminhar, pular, saltar, arremessar, etc.).

2-Habilidade motora fina

Requer maior controle de músculos menores, principalmente os envolvidos na coordenação das mãos e dos olhos, pois esses movimentos necessitam de um alto grau de precisão (ex.: desenhar utilizando as mãos de maneira livre, a técnica da digitação, o ato de pintar, costurar, e o fino movimento de abotoar, etc.).

ELEMENTOS DE OPERAÇÃO DO SISTEMA MOTOR

*EFETUADORES: Realizam os movimentos; Executam a ação.

– Músculos

*ORDENADORES: Comandam os efetuadores; Envio de comandos neurais para a musculatura.

– Motoneurônios que estão na medula ou no tronco encefálico

*CONTROLADORES: Checam, a cada momento, se o sistema funciona como o desejado; ajustes dos movimentos.

-Cerebelo e núcleos da base

*PROGRAMADORES: Organizam a sequência de comandos; planejamento e iniciação dos movimentos.

– áreas corticais associativas e primárias

Contração muscular e controle espinhal

Contração muscular

Ela começa com a liberação de acetilcolina nas junções neuro musculares que geram potenciais excitatórios pré-sinápticos na membrana pós-sináptica. Esses potenciais excitatórios pós-sinápticos vão sensibilizar os canais de sódio voltagem dependente e vão desencadear o potencial de ação na fibra muscular. Automaticamente nessa fibra, o potencial de ação vai promover a contração do músculo através da liberação dos íons de cálcio que vão estar dentro do retículo sarcoplasmático (REL) – uma das importâncias dele é armazenar este cálcio para ser liberado na hora da contração muscular. Esse processo é conhecido como acoplamento excitação-condução. Quando o retículo sarcoplasmático vai recaptar o cálcio, ocorre o relaxamento da fibra.

– FIBRA MUSCULAR

-São células multinucleadas e alongadas

– Na embriologia, as células do mesoderma vão se fundir, formar os mioblastos e gerar as fibras musculares que são células multinucleadas, com núcleos periféricos e alongadas. As fibras são envolvidas por uma membrana excitável chamada de SARCOLEMA. Porém, dentro dessas fibras existem estruturas cilíndricas chamadas MIOFIBRILAS que é quem vai contrair em resposta a um potencial de ação que se propaga pelo sarcolema. O reticulo sarcoplasmático vai recobrir as miofibrilas e o potencial de ação chega as miofibrilas vindas do sarcolema através dos túbulos T que estão em continuidade com o meio extracelular.

Neurônio motor inferior Motoneurônio

– Saem do corno ventral da medula

– Participam da contração muscular direta (os axônios dos motoneurônios inferiores se agrupam formando raízes ventrais onde cada raiz ventral se une a uma raiz dorsal e emerge da medula entre as vértebras pelo forame intervertebral.

OBS: RAIZ VENTRAL + RAIZ DORSAL = NERVO ESPINHAL

RAIZ VENTRAL + RAIZ DORSAL = NERVO ESPINHAL

OBS: O controle dos músculos do braço tem origem no seguimento C3 e T1, os das pernas L1 e S3. Logo, a inervação dos músculos distais e proximais se concentram nos seguimentos cervicais, lombares e sacrais enquanto o controle da musculatura axial está em todo o eixo.

 *DIVISÃO DOS MOTONEURÔNIOS INFERIORES

-NEURÔNIO MOTOR ALFA

Geram força muscular diretamente

NM alfa + fibra muscular inervada = Unidade motora

-A contração vai ocorrer pela ação combinada e individuais dessas unidades.

OBS: O controle da força de contração se dá pela variação da taxa de disparo de neurônios motores

OBS: O motoneurônio alfa se comunica com o músculo através da junção neuromuscular liberando acetilcolina, essa acetilcolina liberada promove um potencial excitatório pós-sináptico (PEPS). Esse PEPS vai promover uma rápida sequência de contração e relaxamento muscular.

motoneuronio
Junção neuromuscular

OBS: Para que haja uma contração sustentada é preciso haver uma sequência continua de potencial de ação (SOMAÇÃO TEMPORAL). Além disso, o SNC recruta também as unidades motoras sinérgicas adicionais, ou seja, a tensão extra numa unidade motora depende de quantas fibras estão envolvidas nessa unidade.

RECRUTAMENTO DE UNIDADES MOTORAS SINÉRGICAS ADICIONAIS

– Unidade com muitas fibras para um neurônio = Contração mais forte (ex: pernas)

-Unidade com poucas fibras p um neurônio = Movimento mais fino e mais preciso (ex: mãos)

 OBS:  Os músculos possuem unidades motoras de vários tamanhos e são recrutadas da menor para maior unidade, assim, quando são submetidas a pequenas cargas, o controle de grupo muscular consegue ser mais fino do que quando submetidos a cargas maiores.

– Esses motoneurônios alfa são regulados por entradas sinápticas no corno ventral da medula e basicamente são 3:

1 CÉLULAS GANGLIONARES NA RAIZ DORSAL – inerva o fuso muscular (estrutura sensorial = fornece sinal de retroalimentação para esse mesmo músculo)

2 NEURÔNIOS MOTORES SUPERIORES – vem do córtex cerebral e tronco encefálico (fundamental para controle do movimento)

3 INTERNEURÔNIOS DA MEDULA ESPINHAL – (maior entrada) participa dos programas da medula e podem ser excitatórios ou inibitórios.

Controle espinhal

Dentro dos músculos existem estruturas conhecidas como FUSOS MUSCULARES ou RECEPTORES DE ESTIRAMENTO – são formadas por vários tipos de fibras musculares esqueléticas especializadas dentro de uma cápsula fibrosa. O meio dessa capsula é alargada e é onde os axônios sensoriais se enrolam nos fusos. Essa estrutura é responsável por detectar alterações de comprimento muscular ou seu estiramento, sendo, portanto, proprioceptores por se especializarem na sensação corporal ou em como nosso corpo se posiciona e se move no espaço. Os axônios que saem do fuso são extremamente velozes e penetram na medula espinhal pela raiz dorsal, se ramificam e formam várias sinapses excitatórias sobre interneurônios e neurônios motores alfa nos cornos ventrais. Essa interação fará com que, quando o músculo for estirado, ele reagirá contraindo – Esse reflexo é chamado:  REFLEXO MIOTÁTICO ou REFLEXO DE ESTIRAMENTO e envolve retroalimentação sensorial responsável por prover o músculo de tônus e a descarga sobre o músculo vai ser proporcional ao seu estiramento. Esse reflexo constitui o ARCO REFLEXO MONOSSIMPÁTICO MIOTÁTICO justamente por só uma sinapse separar aferências sensorial do neurônio motor (ex: reflexo patelar). Outro órgão envolvido na propriocepção é o ORGÃO TENDINOSO DE GOLGI (OTG), esse órgão é responsável por perceber a tensão que está sendo aplicada no músculo ou seu grau de contração, isso é perceptível pelo fato de ele estar disposto na junção do tendão com o músculo podendo avaliar a tensão muscular. Ao contrário dos fusos musculares que vão avaliar o comprimento muscular. As aferências que vem dele, fazem conexão com a medula, com interneurônios que farão inibições no neurônio motor alfa do mesmo musculo inervado, assim constitui-se o REFLEXO MIOTÁTICO INVERSO no qual uma carga excessiva no musculo que faz ele contrair em excesso, não o lesione pois esse reflexo vai inibir a contração fazendo ele relaxar. O objetivo desse reflexo é manter o musculo na faixa de tensão adequada.

Junção neuromuscular 1.png

OBS: INTERNEURÔNIOS DA MEDULA

São responsáveis por coordenar os programas motores espinhais porque recebem conexões com axônios sensoriais primários, axônios do encéfalo e axônios dos neurônios inferiores. Eles têm um papel fundamental na correta contração. Porque para que haja um dado movimento os músculos agonistas contraem e os antagonistas relaxam de maneira proporcional para que o movimento seja preciso e induza o membro a ir na posição correta. Isso precisa ser feito de uma forma sincronizada e para isso, os interneurônios na medula vão promover estímulos inibitórios em certos movimentos para controlar essa contração.

Córtex motor e as vias motoras

OBS: O sistema motor é descendente (ele vem lá do comando do córtex motor, desce pela medula espinhal, passa pelo nervo até chegar no músculo e fazer a contração)

VIAS

– o sistema nervoso se arruma em vários níveis – do encéfalo até a medula (quanto mais alto, maior é a precisão do movimento – as regiões do encéfalo, mais altas do córtex de associação e os núcleos da base por exemplo, estão envolvidos na elaboração dos comandos  e de programas que vão permitir a execução correta e precisa de cada movimento. No meio desses tem o córtex motor e o cerebelo que vão determinar as contrações musculares adequadas de cada grupo muscular no tempo certo e por fim tem a medula e o tronco que vão responder pela execução do movimento.

A comunicação do encéfalo com os neurônios motores da medula se dá por axônios descendentes que correm por duas vias específicas: VIA LATERAL e VIA VENTRO MEDIAL. As vias laterais se envolvem no movimento voluntário da musculatura distal sob controle direto do córtex, já as vias ventro mediais se envolvem no controle de postura e locomoção sob o controle do tronco encefálico.

VIAS LATERAIS

-A via lateral mais importante é a VIA DO TRATO CORTICO-ESPINHAL ou TRATO CORTICO ESPINHAL LATERAL – trato mais longo do SNC. Ele tem a maior parte dos seus axônios originados do córtex motor, outras virão de áreas somatossensoriais que vão interferir no movimento.

Ao virem do encéfalo eles passam pela cápsula interna antes de chegar no tálamo, cruzam a base do pedúnculo cerebral, ponte e então se reúnem no bulbo formando um trato, com isso o bulbo vai adquirir uma protuberância que é uma pirâmide bulbar que vai dar origem então ao trato piramidal e é justamente nessas pirâmides que ocorrerá a decussação dos tratos (eles irão cruzar) fazendo com que o córtex motor direito comande o lado esquerdo e vice-versa. Depois que eles cruzam eles vão se agrupando na via lateral da medula formando o trato cortiço-espinhal lateral – eles terminam nas regiões dorso-laterais dos cornos ventrais onde eles vão se encontrar com os neurônios motores e interneurônios.

TRATO RUBRO ESPINHAL – se origina no núcleo rubro do mesencéfalo e suas fibras vão decussar na ponte se reunindo lá na frente com as fibras do trato cortiço-espinhal lateral. Ele recebe aferências do córtex frontal – são coadjuvantes do comando.

VIAS VENTRO MEDIAIS

– Basicamente são 4 que saem do tronco encefálico e terminam nos interneurônios espinhais controlando músculos proximais e axiais.

1 VIA DO TRATO VESTIBULO ESPINHAL: Saem do sistema vestibular. O trato vestíbulo espinhal recebe as informações do sistema vestibular através dos núcleos vestibulares do bulbo e vão transmitir suas informações para a musculatura da cabeça, pescoço e costas – basicamente  vão gerar os movimentos da cabeça e inervar a musculatura das pernas e também gerar uma postura correta.

2 VIA DO TRATO TECTO-ESPINHAL: Se origina no colículo superior do mesencéfalo, recebe aferências da retina e projeções do córtex visual, além também de áreas sensoriais e auditivas.

3 VIA DO TRATO RETÍCULO ESPINHAL PONTINO

4 VIA DO TRATO RETÍCULO ESPINHAL BULBAR

– Eles se originam da formação reticular do tronco encefálico que ocorre logo abaixo do aqueduto e do IV ventrículo e vão receber aferências de várias regiões portanto, tem várias funções.

– Eles agem de modo sincronizado para promover o movimento preciso e adequado sem que o indivíduo perca o equilíbrio.

OBS: Quem dá o comando das informações que chegam as vias é o CÓRTEX MOTOR

 Córtex motor

O córtex motor é uma região do lobo frontal, também é conhecido como área IV de Brodmann, córtex motor, córtex motor primário ou M1. É anterior ao sulco central e se localiza no giro pré-central.

OBS: Em estudos que foram feitos com eletro estimulação descobriram que tinha uma organização somatotópica no giro pré-central – ÁREA SUPLEMENTAR  (MS): área mais medial que inerva a musculatura distal responsável pelo planejamento interior ( repousa sobre o aprendizado, memória e o pensamento em geral (relaciona-se com a vontade do indivíduo)) e uma área mais lateral chamada – ÁREA PRÉ-MOTORA (PM): que é responsável pelo planejamento “exterior” ( se baseia na experiência sensorial não aprendida (somestésica, visual proprioceptiva) essa área pré-motora inerva os neurônios retículo-espinhais, responde por unidades proximais.

*musculatura proximal: musculatura de ombros, das coxas, do quadril

*musculatura distal: é a musculatura das mãos e dos pés (músculos dos movimentos finos)

OBS: O córtex motor

cortex motor

OBS: OUTRAS ÁREAS CORTICAIS

1-CÓRTEX PARIETAL POSTERIOR (ÁREA V)

2-CÓRTEX PRÉ-FRONTAL (ÁREA VII)

1-É alvo de aferências de áreas somatossensoriais primárias que seriam as áreas I, II e III

2-É alvo de aferências de áreas visuais

OBS: Os lobos parietais se comunicam com o lobo frontal anterior se relacionando com a tomada de decisão e juntos ao córtex parietal posterior são tidas como níveis superiores de hierarquia do controle motor ou seja, é com essas áreas que a gente planeja o que vai fazer e moldamos os atos pensando nas consequências e nos objetivos.
para que haja tomada de decisão, o movimento, a ação será preciso não somente elaborar e mensurar a repercussão toda, mas será necessário também um gatilho e uma modulação adequada p esse gatilho. A estrutura responsável por isso são os núcleos da base.

Núcleos da base

– São um conjunto de corpos de neurônios situados em áreas subcorticais (abaixo do córtex – região basal)

– Participam do controle do movimento no planejamento e não na execução do mesmo

– Estão envolvidos com comportamentos motores e cognitivos

– Recebe aferências do córtex motor e eferências do mesmo via tálamo

– Atuam em associação com o córtex motor (recebem sinais do córtex e projetam de volta ao córtex via tálamo)

– Não possuem conexões medulares diretas

– Respondem em antecipação ao movimento e seus efeitos sobre os neurônios motores superiores são necessários para iniciação normal dos movimentos

– Envolvidos com o planejamento motor

– Intensidade

– Direção

-Sequência de movimentos sucessivos

Núcleos Bases

OBS: Na presença de lesões dos núcleos da base o córtex motor não pode fornecer os padrões de contração muscular adequados

localização dos nucleos da base

Patologias dos núcleos da base:

–  Alterações relacionadas aos núcleos da base podem-se apresentar três tipos de distúrbios motores:

1- Hipertonia plástica (+comum) ou hipotonia em alguns casos

2-Flutuação de tônus

3-Movimentos incoordenados:

 – Coreicos

 – Atáxicos

 – Distônicos

Outras características: tremor de repouso e acinesia.

Conexões dos núcleos da base:

Conexões aferentes

Tem dois caminhos para a informação a partir do córtex aos núcleos da base: diretamente ou indiretamente

CÓRTEX CEREBRAL à NÚCLEOS DA BASE

CÓRTEX CEREBRAL à TÁLAMO à NÚCLEOS DA BASE

Do córtex partem aferências motoras, sensoriais (fase da identificação motora), associativas (áreas temporoparietoocipital), áreas límbicas

conexões eferentes

Neurotransmissores

As conexões dos núcleos da base são mediadas por neurotransmissores e existem 2 circuitos:

*DIRETA: movimentos ocorrem quando as células talâmicas estão livres da inibição não há excitação do gaba inibindo a ativação dos núcleos talâmicos

*INDIRETA: Há a excitação do gaba, pela diminuição do ácido glutâmico nos núcleos subtalâmicos, consequentemente há diminuição da excitação na porta de saída do circuito básico e assim diminuição da ação do tálamo.

circuito motor
os núcleos basais

Cerebelo

– Contém mais da metade do número total de neurônios do SNC

– Corresponde a 10% do volume do SNC

– Possuem grande quantidade de sinais aferentes (40 X mais axônios)

– Coordenação da atividade motora

– Regulação do tônus muscular

– Movimentos automáticos e balanço

– Mecanismos que influenciam e mantém o equilíbrio por longos períodos de tempo.

 

OBS: A função do cerebelo é modificada pela experiência; papel importante no aprendizado de tarefas motoras

controle dos movimentos cerebelo
regiões do cerebelo
cerebelo 1
cerebelo 2
lobos do cerebelo

Patologias do cerebelo

Lesões no cerebelo não causam paralisias, nem alteram a força da contração muscular ou percepções sensoriais, mas alteram:

– equilíbrio e postura

– tônus muscular

– coordenação temporal e espacial dos movimentos voluntário.

Anomalias típicas de doenças cerebelar

anomalia cerebelar
anomalia cerebelar 2
anomalia cerebelar 3

OBS: sistema piramidal X sistema extrapiramidal

Sistema piramidal: tudo que está ligado ao trato cortico-espinhal

Uma lesão nessa região pode levar a uma síndrome piramidal: paralisia ou plegia, paresia, hipertonia elástica, hiperflexia (hiperatividade reflexa medular, sinal de Babinski (é um reflexo no qual os dedos do pé se estendem com flexão do Hálux e, em seguida, se abrem em um movimento parecido com o de um leque) , clônus ( é uma série de contrações musculares involuntárias devido a um estiramento súbito do músculo.), sinal de Hoffman (é uma resposta reflexa anormal que consiste na flexão dos dedos da mão ao pressionar a unha do dedo médio)

Sistema extrapiramidal:

tudo que está fora do trato cortiço espinhal

Uma lesão nessa área pode ocasionar: alteração na regulação do movimento, alteração do tônus (hipertonia plástica = Parkinson) ou hipotonia, alteração na postura, alteração no gatilho do ato motor, alteração no controle e cessação de movimentos automáticos.

Principais acometimentos:

-Discinesias (presença de movimentos incoordenados) 

-Acinesia  (lentidão no ato motor)

– Hipercinesias + hipotonias

– Acinesias + hipertonia plástica

Resumo

Sistemas que agem no ato motor

*córtex cerebral: áreas 4 (motora), 6 (pré-motora), 8 (visual), 3,1 e 2 (somestésicas)

*Cerebelo

* núcleos basais motores

* tronco medular

*tálamo (é uma ponte que se interpõe entre o córtex e os núcleos basais motores)

Organização do ato motor

*preparação ou identificação

*elaboração do programa motor

*Execução (exige mecanismos de ajustes e correções pelo cerebelo)

Ato motor

Quando queremos executar um ato motor – a área 6 e 8 “pensa” como deve ser – manda a informação para o cerebelo e núcleos da base, para elaborar e planejar a sequência do ato motor – a informação volta para as áreas 6 e 8 (dá o gatilho para execução do ato motor) – manda a informação para área 4 , onde tem-se a execução do movimento.

Com o córtex eu penso no ato motor e realizo mas entre o pensar e reagir, tem a ação dos núcleos da base e cerebelo.

A cada segundo, há informação da posição do sistema somático (sistema muscular) para o cerebelo através das vias espino-cerebelares anterior e posterior.

A partir das áreas 6 e 8 do córtex passam vias eferentes (fibras cortiço-cerebelares) para que o córtex pergunte: “ como está o meu músculo para executar o ato motor ?” assim o cerebelo vai comparar como estão os músculos e corrigir alguns desequilíbrios. Antes de enviar a informação de volta para o córtex ele compara a execução com o planejamento.  O planejamento ou sequenciamento do ato motor é por conta dos núcleos da base. Depois que o ato motor foi ajustado pelo cerebelo e comparado com os núcleos basais, a informação volta para área 6 e 8, e depois passa para área 4 e assim tenho a execução do ato motor    

resumo
resumo 2
cerebelo e ganglios da base
sist nervoso central e o movimento

Termos semiológicos que remetem ao controle inadequado das vias motoras:

  • Paresia:

Redução de força muscular – “grau de fraqueza muscular”

  • Plegia:

Ausência de força muscular (sem contração)

  • Espasticidade:

Remete ao tônus muscular – aumento do tônus muscular que leva a hipertonia e a uma hiperreflexia ou seja, a tendência do músculo vai ser sempre contrair (resistir a extensão)

  • Flacidez

Fraqueza do músculo por falta de estímulo nele, ou seja, o músculo fica atônico (ele não tem tônus, por falta de estimulo que pode ter várias origens, mas, principalmente dos motoneurônios inferiores que são os neurônios que vão sair da medula até o músculo.

  • Discinesia

É um termo médico para os diversos tipos de movimentos musculares anormais, involuntários, excessivos, diminuídos ou ausentes.

  • Acinesia

Impossibilidade de movimentos voluntários (paralisia)

  • Hipercinesia

Motilidade patologicamente excessiva, com aumento da amplitude e da rapidez dos movimentos.

Poliomielite

A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil ou simplesmente pólio, atinge geralmente as crianças e é causada pelo poliovírus. A transmissão acontece quando as fezes infectadas entram em contato com a boca, mas, em casos raros, o contágio também acontece pelo ar. O vírus da pólio se desenvolve na garganta ou no intestino e é disseminado pela corrente sangüínea. Ao chegar ao sistema nervoso central, o vírus ataca neurônios e provoca a paralisia dos membros inferiores e superiores. Nos casos mais raros, a doença pode levar à morte. A melhor forma de prevenir é a vacina, que é segura e não tem contra-indicações. Todas as crianças menores de 5 anos, inclusive aquelas que já tomaram a vacina em outras ocasiões, devem ser vacinas novamente, de acordo com o Ministério da Saúde.

Poliomielite, ou pólio, é uma doença infecciosa causada pelo poliovírus que afeta a medula espinhal e o tronco cerebral. Apesar de, na maioria dos casos, as infecções por poliovírus serem inofensivas, se ela atingir o cérebro ou a medula espinhal poderá causar paralisia e até mesmo a morte. Na metade do século 20, infecções por poliovírus alcançaram proporções epidêmicas. Hoje a ameaça da pólio foi em grande parte eliminada, no mundo desenvolvido, devido à introdução de vacinas. Entretanto a continuidade de sua existência ainda constitui risco para as pessoas vivendo nos países mais afligidos, com as crianças abaixo de 5 anos de idade sendo particularmente mais vulneráveis à infecção. Assim, os agentes de saúde pública acreditam que a erradicação completa da pólio pode ser possível e, que em 1999, uma de cada três linhagens de poliovírus teria sido eliminada completamente.

A polio e o SN

O sistema nervoso é constituído por cérebro, medula espinhal e nervos, sendo cérebro e medula espinhal conhecidos como sistema nervoso central, ou SNC. O SNC controla a percepção do mundo. Ele recebe informação de todas as partes do corpo, processa essa informação e envia instruções para que outras partes do corpo respondam aos estímulos altamente variados aos quais estamos expostos diariamente. A rede de nervos que leva a informação pelo seu corpo e também à partir de, e para o SNC, é chamada de sistema nervoso periférico.

O sistema nervoso contém milhões de células nervosas, ou neurônios, das quais existem três tipos: neurônios sensoriaisinterneurônios e neurônios motores. Os neurônios sensoriais são os que respondem aos estímulos, tais como calor, luz ou produtos químicos, tanto dentro, como fora do corpo. Esses neurônios transmitem as informações ao SNC, onde os interneurônios as decifram e passam as instruções por meio dos neurônios motores para as partes do corpo nas quais a ação é s necessária, como músculos ou glândulas. O SNC pode instruir o corpo a realizar dois tipos principais de ações: ações voluntárias, que seu cérebro controla conscientemente e ações involuntárias, que seu cérebro não controla conscientemente. Uma ação reflexa é uma ação involuntária que fornece um bom exemplo de como funciona o sistema nervoso. Quando a informação é recebida por um neurônio sensorial, por exemplo, quando você é picado com um alfinete, ela viaja até o SNC onde é processada. O SNC, em seguida, envia instruções por meio dos neurônios motores que ordenam aos músculos da mão que se afastem da fonte de dor.

poliomielite e o SN

Seu SNC é dividido em dois tipos de tecidos, chamados de massa cinzenta e massa branca. Se olharmos um corte transversal da medula espinhal, veremos que a massa cinzenta parece ter a forma de uma borboleta. A massa cinzenta no lobo ventral (ou anterior) contém grande quantidade de neurônios motores, que são responsáveis pelo movimento dos músculos utilizados para engolir, respirar e manter seu sangue circulando, assim como aqueles no seu tronco, braços e pernas. Os neurônios motores nesta área são particularmente suscetíveis à infecção por poliovírus.

substancia branca e cinzenta

COMO A POLIO ATACA O ORGANISMO

O vírus da pólio geralmente entra no corpo pelo nariz ou boca e quase imediatamente infecta as células que revestem estas cavidades (sua faringe), assim como seus intestinos, nos quais ele começa a se reproduzir. Após mais ou menos uma semana, ele pode se espalhar para suas amígdalas e outras partes do seu sistema imune, onde se multiplica rapidamente. Eventualmente o vírus da polio pode cair em sua corrente sanguínea e, se isto acontecer, será transportado pelo corpo todo. Na maioria dos casos, o corpo erradica o vírus da pólio enquanto este ainda está nos intestinos ou na corrente sanguínea. Contudo, em algumas pessoas, o vírus da pólio é capaz de chegar ao SNC. Uma vez lá, ele infecta e se replica dentro dos neurônios motores, multiplicando-se milhares de vezes. Quando ele estiver pronto para aparecer, ele destruirá os neurônios e irá se espalhar para as células vizinhas não infectadas. Neste ponto, a doença é medicamente classificada de acordo com o dano neuronal que ocorreu e com a região do SNC afetada:

  • Pólio Espinhal:esta é a forma mais comum de pólio. Ela ocorre quando o poliovírus infecta e mata os neurônios motores da massa cinzenta no lobo ventral da medula espinhal. Conforme as células morrem, os músculos do tronco e dos membros não são mais capazes de receber sinais do SNC, então eles tornam-se fracos e começam a atrofiar. Em um curto período de tempo (poucos dias) eles podem tornar-se completamente paralisados.
  • Pólio bulbar:esta forma de pólio ocorre em um pequeno número de casos e é causada quando o vírus da pólio infecta e mata os neurônios na região bulbar do tronco cerebral. Isto enfraquece os músculos que nós usamos para falar, engolir e respirar.
medula, cerebelo e bulbo
  • Pólio Bulboespinhal

Cerca de uma entre cinco pessoas com pólio paralisante tem infecções tanto bulbar quanto espinhal. Nesses casos, o poliovírus também infecta a parte superior da medula espinhal cervical, causando paralisia do diafragma.

SINTOMAS DA POLIOMIELITE

A grande maioria das pessoas que se tornam infectadas com a pólio não terão qualquer sintoma e nem sequer saberão que foram infectadas. Contudo, se o vírus tiver passado do intestino para a corrente sanguínea, você pode desenvolver sintomas de poliomielite subclínica, ou não-paralisante. Os sintomas são geralmente semelhantes aos de uma gripe leve – tais como febre, fadiga, dor de cabeça e vômito, rigidez do pescoço e dor nos membros.

Se o vírus da pólio chegar ao seu SNC, os sintomas se tornarão muito mais sinistros e você desenvolverá o que é conhecido como poliomielite paralítica. Fraqueza muscular e paralisia geralmente progridem rapidamente, geralmente acompanhadas por febre, dor muscular, perda de reflexos e membros moles. É comum da paralisia afetar somente um lado do seu corpo, e a paralisia das pernas e dos braços é frequentemente mais grave perto da medula espinhal do que nos dedos das mãos e pés. Dentro de uma a duas semanas após a infecção, o vírus pode causar danos aos neurônios motores, medula espinhal e tronco cerebral, suficientes para deixá-lo permanentemente paralisado. Contudo, na maioria dos casos, a função muscular irá retornar em algum grau, e algumas pessoas que desenvolveram paralisia por poliomielite, se recuperaram completamente. Dito isto, a fraqueza muscular e a paralisia com duração de um ano ou mais pode ser permanente.

Se a região bulbar do cérebro é infectada, provavelmente o paciente irá apresentar outros sintomas, associados ao dano causado nos nervos desta região. Estes sintomas podem incluir dificuldade ao engolir e nos movimentos da língua, podendo levar ao acúmulo de muco nas vias respiratórias, causando sufocamento.Também poderá haver fraqueza nos músculos faciais, visão dupla e respiração anormal, que também pode ser fatal.

Importância da hidratação em episódios de febre

Algumas doenças como virose podem levar ao aparecimento de sinais e sintomas como febre, dor de cabeça e dor muscular. Essa resposta inflamatória pode levar a saída de líquidos de dentro dos vasos sanguíneos e provocar desidratação, pressão arterial baixa e choque, a depender da intensidade da doença apresentada pelo indivíduo. Portanto é importante estimular nestes pacientes a ingesta de líquidos, no mínimo 2 litros por dia, com água, sucos e chás.

As vacinas que Grace Kelly não tomou foram:

12 meses:

  • Tríplice viral

(previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose 

  • Pneumocócica 10 Valente

(previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – reforço

  • Meningocócica C

(previne doença meningocócica C) – Reforço

15 meses:

  • DTP

(Difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço

 

  • Vacina Oral Poliomielite (VOP)

 – (previne poliomielite ou paralisia infantil) – 1º reforço

 

  • Hepatite A– dose única

 

  • Tetra viral ou tríplice viral + varicela

– (previne sarampo, rubéola, caxumba e varicela/catapora) – Uma dose 

OBS: das vacinas que ela não tomou, as únicas doenças que ela pode ter desenvolvido pela falta de vacina e que tem relação com o sistema nervoso são:

– Meningite

– Poliomielite

OBS: Porém, devido aos sinais e sintomas apresentados no caso, apesar de provavelmente serem insuficientes para fechar um diagnóstico, o que a paciente Grace Kelly apresenta são sinais e sintomas mais característicos da poliomielite

Bibliografia

https://www.scielo.br/pdf/anp/v53n3b/27.pdf

https://pt.khanacademy.org/science/health-and medicine/infectious-diseases/polio/a/what-is-polio

https://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Tonus-Muscular/916134.html

http://www.saosebastiao.sp.gov.br/ef/pages/Corpo/Habilidades/index.html

https://www.famema.br/ensino/embriologia/sistemaneurologico3.php

https://brasilescola.uol.com.br/biologia/cerebelo.htm

https://www.sanarmed.com/livros/sistema-nervoso-colecao-medicina-resumida/propriocepcao

https://www.passeidireto.com/arquivo/6605360/aula-10-nucleos-da-base

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http://editora.unifoa.edu.br/wp-content/uploads/2017/04/Volume-19.pdf

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Estudante de Medicina, Fonoaudióloga e Autora do Blog Resumos Medicina

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