Bactérias – Introdução

Ilustração representando diferentes tipos de bactérias: cocos em cachos, bacilos em cadeias e espirilos.
Ilustração representando diferentes tipos de bactérias: cocos em cachos, bacilos em cadeias e espirilos.

Introdução

Os cocos são redondos, mas podem ser ovais, alongados ou achatados em uma das extremidades. Quando as bactérias em forma de cocos se dividem, as células podem permanecer unidas umas às outras, surgindo em decorrência cocos aos pares (diplococos), cadeias (estreptococos) e cachos (estafilococos). Menos frequentes são aqueles cocos que se dividem em dois ou três planos e permanecem unidos em grupos cúbicos de oito indivíduos (sarcina).

Os bacilos, ao contrário dos cocos, só se dividem no plano sobre seu eixo menor de tal forma que são poucos os arranjos ou agrupamentos: os diplobacilos aparecem aos pares e estreptobacilos ocorrem em cadeias. Alguns bacilos assemelham-se a lanças, outros têm extremidades arredondadas ou, então, retas. 

Bactérias espiraladas podem ter uma ou mais espirais. Quando têm o corpo rígido e são como vírgulas, são chamadas vibriões, e espirilos quando têm a forma de saca-rolhas — Leptospira sp e Vibrio sp.

Arranjo de Bastonetes

Estreptobacilos: bastonetes agrupados em cadeias — Bacillus.

Paliçada: bastonetes alinhados lado a lado como palitos de fósforo — Corynebacterim diphtheriae.

Diplobacilo: bastonetes agrupados aos pares.

Flagelos

O flagelo bacteriano confere movimento à célula e é formado de uma estrutura basal, um gancho e um longo filamento externo à membrana. O filamento é composto de um único tipo de proteína chamado flagelina. 

O movimento que algumas bactérias realizam, estimuladas por fatores físicos ou químicos, é chamado taxia. Quando o agente estimulante é a luz, trata-se de fototaxia; quando o agente é químico, quimiotaxia. 

A- Monotríquio (1 flagelo polar);

B- Lofotríquio (2 ou mais flagelos polares);

C- Anfitríquio (1 flagelo em cada extremo);

D- Peritríquio (flagelos ao longo de toda a célula).

 

Parede Celular

A manutenção da forma bacteriana (bacilo, coco etc.) é devida a esta estrutura. Além disso, a parede desempenha um papel importante na divisão celular como primer ou iniciadora da sua própria biossíntese, dando origem ao septo que separa as duas novas células oriundas da divisão celular. 

Bactérias Gram-negativas possuem uma parede composta de várias camadas que diferem na sua composição química e, consequentemente, é mais complexa que a parede das Gram-positivas que, apesar de mais espessa, apresenta predominantemente um único tipo de macromolécula. 

Na maioria das bactérias, a parede celular deve a sua rigidez a uma camada composta de uma substância somente encontrada em procariotos e que recebe diferentes denominações como mureína, mucopeptídio, mucocomplexo, peptidioglicano, peptideoglicano, glicopeptídeo ou glicopeptídio.

 O peptidioglicano representa a maior parte da parede das bactérias Gram-positivas, atingindo de 45% a 50% da massa seca da célula, ao passo que nas Gram-negativas não ultrapassa 5%.

Trata-se de uma macromolécula formada por um arcabouço composto de uma alternância de N-acetil-glicosamina (NAG) e ácido N-acetilmurâmico (NAM).

Nas bactérias Gram-positivas, 70 a 75% da parede são compostos de peptideoglicano. Além desta macromolécula, encontramos proteínas e ácidos teicoicos que podem representar até 50% da massa seca da parede.

A parede das bactérias Gram-negativas é mais complexa. É formada por uma ou poucas camadas de peptideoglicano e por uma membrana externa. O espaço que separa a membrana citoplasmática da membrana externa é chamado espaço periplasmático .

Como a maioria das membranas biológicas, a membrana externa das bactérias Gram-negativas é formada por dupla camada lipídica. Caracteristicamente, possui uma camada interna composta basicamente de fosfolipídeos, e uma externa contendo lipopolissacarídeos e proteínas. Como todas as bicamadas lipídicas, possuem o interior hidrofóbico devido às cadeias de ácidos graxos. A parte polissacarídica externa constitui um ambiente hidrofílico.

Coloração Gram

Pela coloração de Gram dividem-se as bactérias em dois grandes grupos, Gram-positivas e Gram-negativas. Os micro-organismos Gram-positivos são aqueles que retêm o corante cristal violeta devido ao aumento na quantidade de ácido teicóico e a diminuição da permeabilidade da parede celular aos solventes orgânicos, por conterem menos lipídios na parede celular. 

 A parede das bactérias Gram-negativas apresenta grande quantidade de lipídeos, que aumenta a permeabilidade aos solventes orgânicos permitindo a descoloração. Estes micro-organismos perdem, portanto, o cristal violeta, corando-se com o corante de fundo, safranina ou fucsina.

Esporos Bacterianos

Os endósporos são estruturas formadas por algumas espécies de bactérias Gram-positivas, sobretudo dos gêneros Clostridium e Bacillus, quando o meio se torna carente de água ou de nutrientes essenciais. 

A formação do esporo em procariotos é um tipo de diferenciação celular que ocorre como resposta a uma situação desfavorável do meio ambiente. Bactérias capazes de esporular são mais comumente encontradas no solo. 

O processo de formação do esporo dentro de uma célula vegetativa é chamado esporogênese.Sob determinadas circunstâncias, em vez de dividir, a célula passa por uma série de eventos que terminam com a formação do esporo. 

série de eventos que terminam com a formação do esporo. Nos primeiros estágios, uma pequena porção do citoplasma é isolada por um crescimento da membrana citoplasmática (estágios II e III). Forma-se, então, o pré-esporo composto de uma dupla membrana que circunda o cromossomo e o citoplasma. Então, camadas de peptidioglicano são sintetizadas entre as duas membranas, em seguida formam-se as capas do esporo compostas de proteínas.

O pré-esporo desidratado contém apenas DNA, RNA poucos ribossomos, enzimas e algumas moléculas pequenas, porém importantes. Nestas estão incluídas grande quantidade de ácido dipicolínico, junto com grandes quantidades de íons cálcio. O ácido dipicolínico, combinado com o cálcio, é característico do endósporo bacteriano, pois foi encontrado em todos os endósporos examinados e não está presente na célula vegetativa.

Uma vez completada a esporogênese, o esporo é liberado no ambiente, podendo sobreviver por muitos anos sob condições de extremo calor, ausência de água e presença de radiações e substâncias químicas tóxicas.

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https://resumosmedicina.com.br/streptococcus-pneumoniae/

Bibliografia

Microbiologia, Trabulsi-Alterthum, 6ª edição.

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