Fisiologia do Sistema Reprodutor Feminino.

O sistema reprodutor feminino apresenta os principais órgãos: ovários, as tubas uterinas, o útero e a vagina. 

 A reprodução começa com o desenvolvimento dos óvulos nos ovários. No meio de cada ciclo sexual mensal, um só óvulo é expelido do folículo ovariano para a cavidade abdominal próxima das aberturas fimbriadas das duas trompas de Falópio. Esse óvulo, então, cursa por uma das trompas de Falópio até o útero; se tiver sido fertilizado pelo espermatozóide, o óvulo se implanta no útero, onde se desenvolve no feto, na placenta e nas membranas fetais e, por fim, em um bebê. 

Durante todos os anos reprodutivos da vida adulta, entre cerca de 13 e 46 anos de idade, 400 a 500 folículos primordiais se desenvolvem o bastante para expelir seus óvulos — um por mês; o restante degenera (tornam-se atrésicos). Ao fim da capacidade reprodutora (na menopausa), apenas uns poucos folículos primordiais permanecem nos ovários e, mesmo esses, se degeneram em pouco tempo.

Quando uma criança do sexo feminino nasce, cada óvulo é circundado por camada única de células da granulosa; o óvulo, com esse revestimento de células da granulosa, é denominado folículo primordial, como mostrado na figura. Durante toda a infância, acredita-se que as células da granulosa ofereçam nutrição para o óvulo e secretem um fator inibidor da maturação do oócito que mantém o óvulo parado em seu estado primordial, no estágio de prófase da divisão meiótica.

 Em seguida, depois da puberdade, quando FSH e LH da hipófise anterior começam a ser secretados em quantidades significativas, os ovários, em conjunto com alguns dos folículos em seu interior, começam a crescer. 

O primeiro estágio de crescimento folicular é o aumento moderado do próprio óvulo, cujo diâmetro aumenta por duas a três vezes. Então segue-se o crescimento de outras camadas das células da granulosa em alguns dos folículos, conhecidos como folículos primários. 

O sistema hormonal feminino, assim como o masculino, consiste em três hierarquias de hormônios, a saber: 

  1.  O hormônio de liberação hipotalâmica, o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH).
  2.  Os hormônios sexuais hipofisários anteriores, o hormônio folículo-estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), ambos secretados em resposta à liberação de GnRH do hipotálamo.
  3.  Os hormônios ovarianos, estrogênio e progesterona que são secretados pelos ovários, em resposta aos dois hormônios sexuais femininos da hipófise anterior.

anatomia do sistema reprodutor feminino

Ciclo Ovariano

O ciclo dura, em média, 28 dias. Pode ser curto como 20 dias ou longo como 45 dias em algumas mulheres, embora o ciclo de duração anormal esteja, com frequência, associado à menor fertilidade. 

Existem dois resultados significativos do ciclo sexual feminino. Primeiro, apenas um só óvulo, nas condições normais, é liberado dos ovários a cada mês, de maneira que normalmente apenas um só feto, por vez, começará a crescer. Em segundo lugar, o endométrio uterino é preparado com antecedência para a implantação do óvulo fertilizado em momento determinado do mês.

As mudanças ovarianas que ocorrem durante o ciclo sexual dependem inteiramente dos hormônios gonadotróficos FSH e LH, secretados pela hipófise anterior. 

. Na ausência desses hormônios, os ovários permanecem inativos, como ocorre durante toda a infância, quando quase nenhum hormônio gonadotrófico é secretado.

 Entre os 9 e os 12 anos de idade, a hipófise começa a secretar progressivamente mais FSH e LH, levando ao início de ciclos sexuais mensais normais, que começam entre 11 e 15 anos de idade.  

Tanto o FSH quanto o LH estimulam suas células-alvo ovarianas ao se combinar com receptores muito específicos de FSH e LH, nas membranas das células-alvo ovarianas. Os receptores ativados, por sua vez, aumentam a secreção das células e, em geral, também o crescimento e a proliferação das células. Quase todos esses efeitos estimuladores resultam da ativação do sistema do segundo mensageiro do monofosfato cíclico de adenosina, no citoplasma celular, levando à formação da proteinocinase e múltiplas fosforilações de enzimas-chave que estimulam a síntese dos hormônios sexuais.

Durante os primeiros dias de cada ciclo sexual mensal feminino, as concentrações de FSH e de LH, secretados pela hipófise anterior, aumentam de leve a moderadamente e o aumento do FSH é ligeiramente maior do que o de LH e o precede em alguns dias. 

Esses hormônios, especialmente o FSH, causam o crescimento acelerado de seis a 12 folículos primários por mês. O efeito inicial é a rápida proliferação das células da granulosa, levando ao aparecimento de muitas outras camadas dessas células.

 Além disso, as células fusiformes derivadas do interstício ovariano, agrupam-se em diversas camadas por fora das células da granulosa, levando ao aparecimento de segunda massa de células, denominadas teca, que se dividem em duas camadas.

 Na teca interna, as células adquirem características epitelióides semelhantes às das células da granulosa e desenvolvem a capacidade de secretar mais hormônios sexuais esteróides (estrogênio e progesterona). A camada externa, a teca externa, se desenvolve formando a cápsula de tecido conjuntivo muito vascular, que passa a ser a cápsula do folículo em desenvolvimento.

Depois da fase proliferativa inicial do crescimento que dura alguns dias, a massa de células da granulosa secreta o líquido folicular que contém concentração elevada de estrogênio, um dos hormônios sexuais femininos mais importantes. O acúmulo desse líquido leva ao aparecimento do antro dentro da massa de células da granulosa.

O crescimento inicial do folículo primário até o estágio antral só é estimulado, principalmente, pelo FSH. Então, ocorre crescimento muito acelerado, levando a folículos ainda maiores, denominados folículos vesiculares. Esse crescimento acelerado é causado pelos seguintes fatores:

  1. O estrogênio é secretado no folículo e faz com que as células da granulosa formem quantidades cada vez maiores de receptores de FSH, o que leva a efeito de feedback positivo, já que torna as células da granulosa ainda mais sensíveis ao FSH. 
  2.  O FSH hipofisário e os estrogênios se combinam para promover receptores de LH nas células originais da granulosa, permitindo, assim, que ocorra a estimulação pelo LH além da estimulação do FSH, e provocando aumento ainda mais rápido na secreção folicular.
  3.  A maior quantidade de estrogênio na secreção folicular mais a grande quantidade de LH da hipófise anterior agem em conjunto, causando a proliferação das células teçais foliculares e aumentando também a sua secreção. 

Quando os folículos antrais começam a crescer, seu crescimento ocorre de modo quase explosivo. Enquanto o folículo aumenta, o óvulo permanece incrustado na massa de células da granulosa localizada em um polo do folículo.

Após 1 semana ou mais de crescimento — mas antes de ocorrer a ovulação — um dos folículos começa a crescer mais do que os outros; os outros cinco a 11 folículos em desenvolvimento involuem (processo denominado atresia) e diz-se então que esses folículos ficam atrésicos. 

Não se sabe qual a causa da atresia, mas já foi sugerida a seguinte hipótese: as grandes quantidades de estrogênio do folículo em crescimento mais rápido agem no hipotálamo, deprimindo a secreção mais intensa de FSH pela hipófise anterior, bloqueando, dessa forma, o crescimento posterior dos folículos menos bem desenvolvidos. Portanto, o folículo maior continua a crescer por causa de seus efeitos de feedback positivo intrínsecos, enquanto todos os outros folículos param de crescer e, efetivamente, involuem.

A ovulação na mulher que tem ciclo sexual de 28 dias se dá 14 dias depois do início da menstruação. Um pouco antes de ovular, a parede externa protuberante do folículo incha rapidamente e a pequena área no centro da cápsula folicular, denominada estigma, projeta-se como um bico. 

 Em 30 minutos ou mais, o líquido começa a vazar do folículo através do estigma, e cerca de 2 minutos depois o estigma se rompe inteiramente, permitindo que líquido mais viscoso, que ocupava a porção central do folículo, seja lançado para fora. O líquido viscoso carrega consigo o óvulo cercado por massa de milhares de pequenas células da granulosa, denominada coroa radiada.

 O LH é necessário para o crescimento folicular final e para a ovulação. Sem esse hormônio, até mesmo quando grandes quantidades de FSH estão disponíveis, o folículo não progredirá ao estágio de ovulação. 

Cerca de 2 dias antes da ovulação, a secreção de LH pela hipófise anterior aumenta bastante, por seis a 10 vezes e com pico em torno de 16 horas antes da ovulação. O FSH também aumenta por cerca de duas a três vezes ao mesmo tempo, e FSH e LH agem sinergicamente causando a rápida dilatação do folículo, durante os últimos dias antes da ovulação. 

 O LH tem ainda efeito específico nas células da granulosa e teçais, convertendo-as, principalmente, em células secretoras de progesterona. 

Portanto, a secreção de estrogênio começa a cair cerca de 1 dia antes da ovulação, enquanto quantidades cada vez maiores de progesterona começam a ser secretadas. 

É nesse ambiente de crescimento rápido do folículo, menor secreção de estrogênio após fase prolongada de sua secreção excessiva e início da secreção de progesterona que ocorre a ovulação. Sem o pico pré-ovulatório inicial do LH, a ovulação não ocorreria. 

No início da ovulação há uma grande quantidade de LH liberado. Esse LH causa rápida secreção dos hormônios esteróides foliculares, contendo progesterona. Dentro de algumas horas ocorrem dois eventos, ambos necessários para a ovulação: 

  1. A teca externa (a cápsula do folículo) começa a liberar enzimas proteolíticas dos lisossomos, o que causa a dissolução da parede capsular do folículo e o consequente enfraquecimento da parede, resultando em mais dilatação do folículo e degeneração do estigma.
  2. Simultaneamente,ocorreu rápido crescimento de novos vasos sanguíneos na parede folicular e, ao mesmo tempo, são secretadas prostaglandinas (hormônios locais que causam vasodilatação) nos tecidos foliculares. Esses dois efeitos promovem transudação de plasma para o folículo, contribuindo para sua dilatação. Por fim, a combinação da dilatação folicular e da degeneração simultânea do estigma faz com que o folículo se rompa, liberando o óvulo.

Durante as primeiras horas depois da expulsão do óvulo do folículo, as células da granulosa e teçais internas remanescentes se transformam rapidamente, para células luteínicas. Elas aumentam em diâmetro por duas a três vezes e ficam repletas de inclusões lipídicas que lhes dão aparência amarelada. 

As células da granulosa no corpo lúteo desenvolvem vastos retículos endoplasmáticos lisos intracelulares, que formam grandes quantidades dos hormônios sexuais femininos progesterona e estrogênio (mais progesterona do que estrogênio durante a fase lútea). 

As células teçais formam basicamente os androgênios androstenediona e testosterona, em vez dos hormônios sexuais femininos. Entretanto, a maioria desses hormônios também é convertida pela enzima aromatase nas células da granulosa em estrogênios, os hormônios femininos.

O corpo lúteo cresce normalmente até cerca de 1,5 centímetro em diâmetro, atingindo esse estágio de desenvolvimento 7 a 8 dias após a ovulação. Então ele começa a involuir e efetivamente, perde suas funções secretórias, bem como sua característica lipídica amarelada, cerca de 12 dias depois da ovulação.

A alteração das células da granulosa e teçais internas em células luteínicas depende essencialmente do LH secretado pela hipófise anterior.  A luteinização também depende da extrusão do óvulo do folículo. Um hormônio local, ainda não caracterizado no líquido folicular, denominado fator inibidor da luteinização, parece controlar o processo de luteinização até depois da ovulação. 

O corpo lúteo é órgão muito secretor, produzindo grande quantidade de progesterona e estrogênio. Uma vez que o LH (principalmente o secretado durante o pico ovulatório) tenha agido nas células da granulosa e teçais, causando a luteinização, as células luteínicas recém-formadas parecem estar programadas para seguir a sequência pré-ordenada:

  1.  Proliferação
  2.  Aumento 
  3.  Secreção seguida por 
  4. Degeneração. Tudo isso ocorre em aproximadamente 12 dias.

Corpo lúteo durante a fase luteínica do ciclo ovariano, têm potentes efeitos de feedback na hipófise anterior, mantendo intensidades secretórias reduzidas de FSH e de LH. 

Além disso, as células luteínicas secretam pequenas quantidades do hormônio inibina, a mesma inibina.Esse hormônio inibe a secreção pela hipófise anterior, especialmente a secreção de FSH. O resultado são concentrações sanguíneas reduzidas de FSH e de LH, e a perda desses hormônios, por fim, faz com que o corpo lúteo se degenere completamente, processo denominado involução do corpo lúteo. 

A involução final normalmente se dá ao final de quase 12 dias exatos da vida do corpo lúteo, em torno do 26º dia do ciclo sexual feminino normal, 2 dias antes de começar a menstruação.

Nessa época, a parada súbita de secreção de estrogênio, progesterona e inibina pelo corpo lúteo remove a inibição por feedback da hipófise anterior, permitindo que ela comece a secretar novamente quantidades cada vez maiores de FSH e LH. O FSH e o LH dão início ao crescimento de novos folículos, começando novo ciclo ovariano. A escassez de progesterona e estrogênio, nesse momento, também leva à menstruação uterina.

RESUMO:

A cada 28 dias mais ou menos, hormônios gonadotrópicos da hipófise anterior fazem com que cerca de oito a 12 novos folículos comecem a crescer nos ovários. Um desses folículos finalmente “amadurece” e ovula no 14 dia do ciclo. Durante o crescimento dos folículos é secretado, principalmente, estrogênio. Depois da ovulação, as células secretoras dos folículos residuais se desenvolvem em corpo lúteo que secreta grande quantidade dos principais hormônios femininos, estrogênio e progesterona. Depois de outras 2 semanas, o corpo lúteo degenera, quando então os hormônios ovarianos estrogênio e progesterona diminuem bastante, surgindo a menstruação. Um novo ciclo ovariano, então, se inicia.

Ciclo Ovariano

Hormônios

Os dois tipos de hormônios sexuais ovarianos são os estrogênios e as progestinas. O mais importante dos estrogênios é o hormônio estradiol e a mais importante das progestinas é a progesterona. 

 Os estrogênios promovem essencialmente a proliferação e o crescimento de células específicas no corpo, responsáveis pelo desenvolvimento da maioria das características sexuais secundárias da mulher. As progestinas atuam, basicamente, preparando o útero para a gravidez e as mamas para a lactação.

Estrogênios. Na mulher não grávida normal, os estrogênios são secretados em quantidades significativas apenas pelos ovários, embora quantidades mínimas também sejam secretadas pelos córtices adrenais. Durante a gravidez, quantidade enorme de estrogênios também é secretada pela placenta.

Apenas três estrogênios estão presentes em quantidades significativas no plasma feminino: 3-estradiol, estrona e estriol.

O principal estrogênio secretado pelos ovários é o P-estradiol. Pequenas quantidades de estrona também são secretadas, mas grande parte é formada nos tecidos periféricos de androgênios secretados pelos córtices adrenais e pelas células teçais ovarianas. 

O estriol é um estrogênio fraco; é um produto oxidativo derivado do estradiol e da estrona, e a sua conversão se dá, principalmente, no fígado. 

Na mulher não grávida normal, a progesterona é secretada em quantidades significativas apenas durante a segunda metade de cada ciclo ovariano, pelo corpo lúteo. 

Grande quantidade de progesterona também é secretada pela placenta durante a gravidez, especialmente depois do quarto mês de gestação. 

O estrogênio e a progestinas são esteroides sintetizados nos ovários, principalmente do colesterol derivado do sangue, mas, também, de certa forma, pela acetilcoenzima A, cujas múltiplas moléculas podem se combinar, formando o núcleo esteróide apropriado. 

Durante a síntese, basicamente progesterona e androgênios (testosterona e androstenediona) são sintetizados primeiro; em seguida, durante a fase folicular do ciclo ovariano, antes que esses dois hormônios iniciais possam deixar os ovários, quase todos os androgênios e grande parte da progesterona são convertidos em estrogênios pela enzima aromatase nas células da granulosa.

Como as células da teca não têm aromatase, elas não podem converter androgênios em estrogênios. No entanto, os androgênios se difundem das células da teca para as células da granulosa adjacentes, onde são convertidas em estrogênios pela aromatase, cuja atividade é estimulada pela FSH.

Durante a fase lútea do ciclo, muito mais progesterona é formada do que pode ser totalmente convertida, o que responde pela grande secreção de progesterona no sangue circulante nesse momento. Além disso, cerca de 1/15 a mais de testosterona é secretado no plasma da mulher pelos ovários, do que é secretado no plasma masculino pelos testículos. 

Tanto estrogênios quanto progesterona são transportados no sangue, ligados principalmente à albumina plasmática e à globulinas de ligação específica a estrogênio e progesterona. A ligação entre esses dois hormônios e as proteínas plasmáticas é fraca o bastante para que sejam rapidamente liberadas aos tecidos, durante período de aproximadamente 30 minutos.

OBS:

O fígado conjuga os estrogênios formando glicuronídeos e sulfatos, e cerca de um quinto desses produtos conjugados é excretado na bile; grande parte do restante é excretado na urina. Além disso, o fígado converte os potentes estrogênios estradiol e estrona no estrogênio quase totalmente impotente estriol. Portanto, a redução da função hepática, efetivamente, aumenta a atividade dos estrogênios no corpo, por vezes causando hiperestrinismo.

Efeitos do Estrogênio:

  • Durante a infância, os estrogênios são secretados apenas em quantidades mínimas, mas na puberdade a quantidade secretada na mulher sob a influência dos hormônios gonadotrópicos hipofisários aumenta por 20 vezes ou mais. Nessa época, os órgãos sexuais femininos se alteram dos de criança para os de adulto. Os ovários, as trompas de Falópio, o útero e a vagina aumentam de tamanho várias vezes. Além do mais, a genitália externa aumenta com depósito de gordura no monte pubiano e nos grandes lábios, e aumento dos pequenos lábios.
  • Além disso, os estrogênios alteram o epitélio vaginal do tipo cubóide para tipo estratificado, considerado mais resistente a traumas e infecções do que o epitélio das células cubóides pré-púberes. 
  • Durante os primeiros anos da puberdade, o tamanho do útero aumenta por duas a três vezes, porém mais importante do que o aumento no tamanho do útero são as alterações que ocorrem no endométrio uterino, sob a influência dos estrogênios. Eles causam proliferação acentuada do estroma endometrial e grande desenvolvimento das glândulas endometriais, que posteriormente ajudarão a prover nutrição ao óvulo implantado. 
  • Os estrogênios fazem com que os tecidos glandulares desse revestimento proliferem; e, o mais importante, aumentam o número de células epiteliais ciliadas que revestem as trompas de Falópio. Além disso, a atividade dos cílios é consideravelmente intensificada. Esses cílios sempre batem na direção do útero, ajudando a propelir o óvulo fertilizado nessa direção. 
  • Os estrogênios causam desenvolvimento dos tecidos estromais das mamas, crescimento de vasto sistema de duetos e depósito de gordura nas mamas. Os lóbulos e alvéolos das mamas se desenvolvem até certo ponto sob a influência apenas dos estrogênios, mas é a progesterona e a prolactina que determinam o crescimento e a função final dessas estruturas.
  • Os estrogênios causam leve aumento da proteína corporal total, evidenciado por ligeiro balanço nitrogenado positivo, quando estrogênios são administrados. Tal fato resulta, essencialmente, do efeito promotor do crescimento do estrogênio sobre os órgãos sexuais, ossos e alguns poucos tecidos do corpo. O maior depósito de proteínas causado pela testosterona é bem mais geral e muitas vezes mais potente do que o causado pelos estrogênios. 
  • Os estrogênios aumentam ligeiramente o metabolismo de todo o corpo, mas apenas cerca de um terço a mais que o aumento causado pelo hormônio sexual masculino testosterona. Causam também depósito de quantidades maiores de gordura nos tecidos subcutâneos. Consequentemente, a porcentagem de gordura corporal no corpo da mulher é consideravelmente maior do que no corpo do homem, que contém mais proteína. 
  •  Os estrogênios, assim como a aldosterona e alguns outros hormônios adrenocorticais, causam retenção de sódio e água nos túbulos renais.

Efeitos da Progesterona:

  • A função mais importante da progesterona é a de promover alterações secretórias no endométrio uterino, durante a última metade do ciclo sexual feminino mensal, preparando o útero para a implantação do óvulo fertilizado.
  • Além desse efeito no endométrio, a progesterona diminui a frequência e a intensidade das contrações uterinas, ajudando, assim, a evitar a expulsão do óvulo implantado.
  • A progesterona promove também maior secreção pelo revestimento mucoso das trompas de Falópio. Essas secreções são necessárias para nutrir o óvulo fertilizado e, em divisão, enquanto ele passa pela trompa de Falópio, antes de se implantar no útero. 
  • A progesterona promove o desenvolvimento dos lóbulos e alvéolos das mamas, fazendo com que as células alveolares proliferem, aumentem e adquiram natureza secretora.

Clico Uterino

No início de cada ciclo mensal, grande parte do endométrio descarnou pela menstruação. Após a menstruação, resta apenas pequena camada de estroma endometrial, e as únicas células epiteliais restantes são as localizadas nas porções remanescentes profundas das glândulas e criptas do endométrio. 

Sob a influência dos estrogênios secretados em grande quantidade pelo ovário, durante a primeira parte do ciclo ovariano mensal, as células do estroma e as células epiteliais proliferam rapidamente. A superfície endometrial é reepitelizada 4 a 7 dias após o início da menstruação. 

Em seguida, durante a próxima semana e meia antes de ocorrer a ovulação, a espessura do endométrio aumenta bastante, devido ao crescente número de células estromais e ao crescimento progressivo das glândulas endometriais e novos vasos sanguíneos no endométrio. Na época da ovulação, o endométrio tem 3 a 5 milímetros de espessura. 

As glândulas endometriais, especialmente as da região cervical, secretam um muco fino e pegajoso. Os filamentos de muco efetivamente se alinham ao longo da extensão do canal cervical, formando canais que ajudam a guiar o espermatozóide na direção correta da vagina até o útero.

Durante grande parte da última metade do ciclo mensal, depois de ter ocorrido a ovulação, progesterona e estrogênio são secretados em grande quantidade pelo corpo lúteo. Os estrogênios causam leve proliferação celular adicional do endométrio durante essa fase do ciclo, enquanto a progesterona causa inchaço e desenvolvimento secretório acentuados do endométrio.

As glândulas aumentam em tortuosidade; excesso de substâncias secretórias se acumula nas células epiteliais glandulares. Além disso, o citoplasma das células estromais aumenta; depósitos de lipídios e glicogênio aumentam bastante nas células estromais; e o aporte sanguíneo ao endométrio aumenta ainda mais, em proporção ao desenvolvimento da atividade secretora e os vasos sanguíneos ficam muito tortuosos. No pico da fase secretória, cerca de 1 semana depois da ovulação, o endométrio tem espessura de 5 a 6 milímetros. 

A finalidade geral dessas mudanças endometriais é a de produzir endométrio muito secretor, que contenha grande quantidade de nutrientes armazenados, para prover condições apropriadas para a implantação do óvulo fertilizado durante a última metade do ciclo mensal.

 A partir do momento em que o óvulo fertilizado chega à cavidade uterina, vindo da trompa de Falópio (o que ocorre 3 a 4 dias depois da ovulação), até o momento em que o óvulo se implanta (7 a 9 dias depois da ovulação), as secreções uterinas, chamadas de “leite uterino” proporcionam nutrição para o óvulo em suas divisões iniciais.

Em seguida, quando o óvulo se implanta no endométrio, as células trofoblásticas na superfície do ovo implantado (no estágio de blastocisto), começam a digerir o endométrio e a absorver as substâncias endometriais armazenadas, disponibilizando, assim, grande quantidade de nutrientes para o embrião recém-implantado.

 Se o óvulo não for fertilizado, cerca de 2 dias antes do final do ciclo mensal, o corpo lúteo no ovário subitamente involui e a secreção dos hormônios ovarianos (estrogênio e progesterona) diminui.

A menstruação é causada pela redução de estrogênio e progesterona, especialmente da progesterona, no final do ciclo ovariano mensal. O primeiro efeito é a menor estimulação das células endometriais por esses dois hormônios, seguida rapidamente pela involução do próprio endométrio, para cerca de 65% da sua espessura prévia. 

Em seguida, durante as 24 horas que precedem o surgimento da menstruação, os vasos sanguíneos tortuosos que levam às camadas mucosas do endométrio ficam vasoespásticos, supostamente devido a algum efeito da involução, como a liberação de material vasoconstritor — possivelmente um dos tipos vasoconstritores das prostaglandinas, presentes em abundância nessa época.

O vasoespasmo, a diminuição dos nutrientes ao endométrio e a perda de estimulação hormonal desencadeiam necrose no endométrio, especialmente dos vasos sanguíneos. Consequentemente, o sangue primeiro penetra a camada vascular do endométrio, e as áreas hemorrágicas crescem rapidamente durante período de 24 a 36 horas.

Gradativamente, as camadas externas necróticas do endométrio se separam do útero em locais de hemorragia, até que cerca de 48 horas depois de surgir a menstruação todas as camadas superficiais do endométrio tenham descarnado. A massa de tecido descarnado e de sangue na cavidade uterina mais os efeitos contráteis das prostaglandinas ou de outras substâncias no descarnado em degeneração agem em conjunto, dando início a contrações que expelem os conteúdos uterinos.

ciclo uterinoo

Regulação do Ciclo Menstrual

A secreção da maioria dos hormônios hipofisários anteriores é controlada por “hormônios de liberação” formados no hipotálamo e, em seguida, transportados para a hipófise anterior por meio do sistema porta hipotálamo-hipofisário. No caso das gonadotropinas, um hormônio de liberação, o GnRH, é importante. 

 hipotálamo não secreta GnRH continuamente, mas sim em pulsos de 5 a 25 minutos de duração que ocorrem a cada 1 a 2 horas. 

É intrigante o fato de que quando o GnRH é infundido continuamente, de modo a estar disponível o tempo todo, em vez de em pulsos, sua capacidade de causar liberação de LH e FSH pela hipófise anterior se perde. Portanto, por motivos desconhecidos, a natureza pulsátil da liberação de GnRH é essencial à sua função. 

A liberação pulsátil de GnRH também causa produção intermitente de LH a cada 90 minutos em média.

A atividade neuronal que causa a liberação pulsátil de GnRH ocorre primariamente no hipotálamo mediobasal, especialmente nos núcleos arqueados dessa área. 

Portanto, acredita-se que esses núcleos arqueados controlam grande parte da atividade sexual feminina, embora neurônios localizados na área pré-óptica do hipotálamo anterior também secretem GnRH em quantidades moderadas. Múltiplos centros neuronais no sistema límbico transmitem sinais para os núcleos arqueados para modificar tanto a intensidade de liberação de GnRH, quanto a frequência dos pulsos.

Feedback negativo do Estrogênio e da Progesterona

Em pequenas quantidades, o estrogênio tem forte efeito de inibir a produção de LH e de FSH. Além disso, quando existe progesterona disponível, o efeito inibidor do estrogênio é multiplicado, muito embora a progesterona, por si só, tenha pouco efeito.

Esses efeitos de feedback parecem operar basicamente na hipófise anterior de modo direto, mas também operam em menor extensão no hipotálamo, diminuindo a secreção de GnRH em especial, alterando a frequência dos pulsos de GnRH. 

Além dos efeitos de feedback do estrogênio e da progesterona, outros hormônios parecem estar envolvidos,especialmente a inibina, que é secretada em conjunto com os hormônios esteróides sexuais pelas células da granulosa do corpo lúteo ovariano, da mesma maneira que as células de Sertoli secretam inibina nos testículos masculinos.

 Esse hormônio tem o mesmo efeito em mulheres e homens — inibe a secreção de FSH e, em menor extensão, de LH pela hipófise anterior. Portanto, acredita-se que a inibina seria especialmente importante ao diminuir a secreção de FSH e LH, no final do ciclo sexual mensal feminino.

Feedback positivo do Estrogênio Antes da Ovulação

Experimentos mostraram que a infusão de estrogênio em mulher acima do valor crítico por 2 a 3 dias, durante a última parte da primeira metade do ciclo ovariano, causará rapidamente o crescimento acelerado dos folículos ovarianos, bem como com grande rapidez também secreção acelerada de estrogênios ovarianos. 

Durante esse período, as secreções de FSH e de LH pela hipófise são primeiro ligeiramente suprimidas. Em seguida, a secreção de LH aumenta abruptamente por seis a oito vezes, e a secreção de FSH aumenta por cerca de duas vezes. A maior secreção de LH faz com que ocorra a ovulação.

Não se sabe qual a causa desse pico abrupto na secreção de LH. Entretanto, diversas possíveis explicações são:

  1. Já se sugeriu que o estrogênio, nesse ponto do ciclo, tem efeito de feedback positivo peculiar de estimular a secreção hipofisária de LH e, em menor extensão, de FSH; trata-se de algo em forte contraste com seu efeito de feedback negativo normal, que ocorre durante o restante do ciclo feminino mensal. 
  2. As células da granulosa dos folículos começam a secretar quantidade pequena, mas cada vez maiores, de progesterona mais ou menos 1 dia antes do pico pré-ovulatório de LH,e sugeriu-se que tal fato poderia ser o fator que estimula a secreção excessiva de LH. Sem esse pico pré-ovulatório normal de LH, a ovulação não ocorrerá. 

 

Leia Mais

Bibliografia

Tratado de Fisiologia Médica, Guyton & Hall, 12ª edição.

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Estudante de Medicina e Autora do Blog Resumos Medicina

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