Semiologia do abdome.

  • Analisa-se: coloração, lesões elementares, circulação venosa colateral superficial, presença de estrias (prateadas antigas são normais), manchas hemorrágicas e a distribuição dos pelos.
  • Simetria: analisar visceromegalias e massas.
  • Cicatrizes: descrever com detalhes localização, tamanho, textura, prurido, ou faça um desenho.
  • Verificar a cicatriz umbilical: observar o contorno e a localização, bem como sinais de inflamação ou protrusão, sugestivos de hérnia ventral.
  • Movimentos Respiratórios: mais recorrente em homens com respiração toracoabdominal. Os movimentos costumam desaparecer em infecções peritoneais por rigidez da parede abdominal.
  • Peristaltismo: observe o abdome durante alguns minutos, caso suspeite de obstrução intestinal (mais visível em pessoas magras).
  • Pulsações: pulsação aórtica normal é frequentemente visível no epigástrio. Em aneurismas da aorta abdominal haverá pulsações no local afetado.
  • Abaulamentos e retrações: em uma determinada região, torna o abdome assimétrico e irregular, indicando alguma anormalidade cuja identificação depende dos dados fornecidos pela inspeção, que se somam aos da palpação (localização, forma, tamanho, mobilidade e pulsatilidade). Ex.: tumorações, hepatomegalia e esplenomegalia.
  • Forma e volume: podem ser encontrados: atípico ou normal, globoso ou protuberante, em ventre de batráquio, pendular ou ptótico, de avental e escavado (escafoide ou côncavo).

Inspeção dinâmica

Na inspeção dinâmica, solicitará ao paciente para realozar alguns movimentos para analisar anormalidades.

  • Circulação Colateral: quando as veias se tornam visíveis, indicando obstrução do fluxo por obstrução venosa profunda. Analisa-se localização, direção do fluxo e presença de frêmitos ou sopros.
  • Hernias: falha na aponeurose dos músculos causando protrusão parcial ou total de vísceras.

OBS: MANOBRA DE VALSALVA -> Baseia-se no ato de tossir ou soprar no dorso da mão, aumentando a pressão intra-abdominal, expondo com maior facilidade a hérnia.

  • Diástase: estado de afastamento dos grandes músculos abdominais, sendo normal uma distância de 1 dedo, porém, com uma distância de 2 ou 3 já possui alguma anormalidade. Estando o paciente de decúbito dorsal, pede-se a ele para contrair a musculatura abdominal, seja elevando as duas pernas estendidas, seja levantando do travesseiro a cabeça, sem mover o tórax.

Ausculta

Fornece informações importantes a respeito da movimentação de gases e líquidos no trato intestinal, dados que contribuem na avaliação clínica. É importante que se realize a ausculta do abdome antes de se realizar a percussão e a palpação, pois estas podem estimular o peristaltismo e encobrir uma hipoatividade dos ruídos hidroaéreos. Com o diafragma do estetoscópio irá auscultar os quatro quadrantes do abdome, os ruídos hidroaéreos auscultados são sons naturais, com características de gorgolejos, sendo necessário escutar de 1 a 2 min, porém, caso ausculte o primeiro e segundo som, já basta.

Atentar para a continuidade do ruído. A ausculta de borborigmos, RHA mais altos, são causados por hiperperistaltismo. Buscam-se, também, sopros sistólicos ou sistodiastólicos (contínuos) indicativos de estreitamento do lúmen de um vaso ou de fístula arteriovenosa. Um sopro com os componentes sistólicos e diastólicos em uma das regiões é muito sugestivo de estenose da artéria renal como causa de uma hipertensão arterial.

Percussão

Realiza a percussão com o paciente em decúbito dorsal, percutir todo o abdômen, os quatro quadrantes, de baixo para cima, ou em forma de caracol, passando por todas as 9 regiões. Na semiotécnica, utiliza-se o 3º quirodáctilo direito (o plessor) arqueado e percute-se a porção medial do 3º quirodáctilo esquerdo (o plessímetro) aplicado sobre a parede abdominal. Busca os seguintes sons: timpanismo, hipertimpanismo, submacicez e macicez.

Palpação

Realizada com o paciente de decúbito dorsal, com a mão espalmada. Tem por objetivo avaliar o estado da parede abdominal, explorar a sensibilidade abdominal e reconhecer as condições anatômicas das vísceras abdominais. Em condições normais, não se consegue distinguir pela palpação todos os órgãos intraabdominais.

A palpação sistemática do abdome compreende quatro etapas que devem ser cumpridas, uma após a outra:

  • palpação superficial,
  • palpação profunda,
  • palpação do fígado,
  • palpação do baço e de outros órgãos, além de manobras especiais.

 

PALPAÇÃO SUPERFICIAL: Investiga-se a sensibilidade, a resistência da parede, a continuidade da parede abdominal, as pulsações e o reflexo cutâneo-abdominal.

PALPAÇÃO PROFUNDA: Por meio da palpação profunda investigam-se os órgãos contidos na cavidade abdominal e eventuais “massas palpáveis” ou “tumorações”. É válido destacar, primeiramente, que não se consegue distinguir o estômago, o duodeno, o intestino delgado, as vias biliares e os cólons ascendente e descendente, ao passo que o ceco, o transverso e o sigmoide são facilmente palpáveis. Características anormais, como megalias e tumorações, devem ser abordadas as seguintes características: localização, forma, colume, sensibilidade, consistência, mobilidade e pulsatilidade.

PALPAÇÃO DO FÍGADO: Para se palpar o fígado, o paciente deve estar a princípio em decúbito dorsal, relaxando tanto quanto possível a parede abdominal.

Semiotécnica: consiste em palpar o hipocôndrio direito, o flanco direito e o epigástrio, partindo do umbigo até a reborda costal. Em seguida, executa-se a palpação junto à reborda, pedindo-se para o paciente para realizar inspirações profundas; durante a expiração posiciona-se as mãos junto à parede abdominal sem fazer compressão e sem se movimentar e quando houver a inspiração, a mão do examinador, ao mesmo tempo que comprime, é movimentada para cima, buscando detectar a borda hepática.

Sinal de Mathieu:  Em outra técnica, posiciona-se o paciente em decúbito semilateral esquerdo, enquanto o examinador se coloca ao seu lado direito, voltado para os seus pés. A(s) mão(s) do examinador, cujos dedos formam uma leve garra, repousa(m) sobre o hipocôndrio direito. Em seguida, coordena-se a palpação com os movimentos respiratórios do paciente. À inspiração, quando o órgão se desloca para baixo, procura-se reconhecer sua borda.

Método de Lemos Torres:  Mão esquerda sobre a região lombar, apoiando as duas últimas costelas, traciona-se o fígado para frente, com mão direta tenta-se palpar a borda hepática na inspiração profunda, com as falanges distais do indicador e médio.

PALPAÇÃO DA VESÍCULA BILIAR: Somente se torna palpável em condições patológicas, sendo necessário que tenha alterações na consistência de suas paredes, como no câncer.

Sinal de Murphy: Posicionam-se os dedos entre o rebordo costal direito e a margem lateral do reto abdominal (ponto cístico) – analisa a vesícula. Aperta a área quando o paciente fizer o movimento de inspiração. A vesícula vai para frente e toca no dedo. Se doer ao tocar no dedo, ocorre interrupção da respiração e é indicativo de colecistite aguda.

PALPAÇÃO DO BAÇO:  Com o paciente em decúbito dorsal ou na posição de Schuster, paciente em decúbito lateral direito com a perna direita estendida e a coxa esquerda fletida sobre o abdome em um ângulo de 90º, irá executar a palpação no quadrante superior esquerdo. Com o paciente nesta posição, faz-se a palpação: de início, o examinador posiciona-se diante do paciente, pousando com alguma pressão sua mão esquerda sobre a área de projeção do baço como se quisesse desloca-lo para baixo. Enquanto isso, a mão direita executa a palpação, coordenando-a com os movimentos respiratórios do paciente, de tal modo que, durante a inspiração, o examinador avança sua mão no rumo da reborda costal.

OBS: Normalmente, o baço não é percutível. Todo baço aumentado de tamanho é percutível, mas nem sempre é palpável. Assim, é essencial realizar-se uma percussão adequada do espaço de Traube, e não confiar apenas na palpação.

Larissa Bandeira

Estudante de Medicina e Autora do Blog Resumos Medicina

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