A lactose, o principal açúcar encontrado no leite de mamíferos, desempenha um papel crucial na nutrição. Este artigo detalha a lactose e a intolerância à lactose, abordando desde a definição e composição química da lactose até a fisiologia da sua digestão e os diferentes tipos de intolerância. Entenda como a enzima lactase atua na quebra da lactose e o que acontece quando essa enzima está deficiente ou ausente.
Lactose: Definição e Composição Química
A lactose é o açúcar primário encontrado no leite de mamíferos e seus derivados, sendo um carboidrato de importância nutricional e fisiológica. Sua presença é exclusiva do leite produzido por mamíferos.
Estruturalmente, a lactose é um dissacarídeo, composto por uma molécula de galactose e uma molécula de glicose unidas por uma ligação glicosídica. A concentração de lactose varia entre as espécies, como observado entre o leite humano e o leite de vaca.
Fisiologia da Digestão e Absorção Normal da Lactose
A digestão da lactose ocorre no intestino delgado, onde a enzima lactase (β-galactosidase), presente na borda em escova dos enterócitos (células epiteliais do intestino delgado), hidrolisa a lactose em glicose e galactose.
A lactase cliva a ligação glicosídica da lactose, liberando glicose e galactose no lúmen intestinal. Estes monossacarídeos são então transportados ativamente através da membrana dos enterócitos e absorvidos para a corrente sanguínea, garantindo a utilização metabólica dos carboidratos derivados da lactose.
Intolerância à Lactose: Definição Clínica e Fisiopatológica
A intolerância à lactose é definida como a incapacidade do organismo de digerir completamente a lactose devido à deficiência ou ausência funcional da enzima lactase.
Fisiologicamente, a digestão da lactose ocorre no intestino delgado, onde a lactase a hidrolisa em glicose e galactose. Na intolerância à lactose, a atividade insuficiente da lactase impede essa clivagem, levando à má digestão do carboidrato.
Clinicamente, a intolerância à lactose se manifesta como sintomas gastrointestinais após a ingestão de alimentos com lactose, resultantes da má digestão e/ou má absorção.
A deficiência da enzima lactase, base fisiopatológica da intolerância, pode ser primária (diminuição geneticamente programada com a idade), secundária (resultante de danos à mucosa do intestino delgado) ou congênita (condição genética rara com ausência ou deficiência severa de lactase).
Tipos de Intolerância à Lactose: Primária, Secundária e Congênita
A intolerância à lactose se manifesta de três formas principais:
1. Deficiência Primária de Lactase (Intolerância Primária)
É a forma mais comum, de origem genética, caracterizada por uma diminuição gradual na produção e atividade da lactase com a idade. Os sintomas tornam-se aparentes na adolescência ou vida adulta.
2. Deficiência Secundária de Lactase (Intolerância Secundária)
Resulta de danos à mucosa do intestino delgado, não sendo geneticamente programada. As causas incluem:
- Doenças gastrointestinais: Doença celíaca, doença de Crohn e gastroenterites infecciosas.
- Cirurgias: Procedimentos cirúrgicos no intestino delgado.
- Medicamentos: Fármacos que podem lesar a mucosa intestinal.
A deficiência secundária pode ser temporária, revertendo com o tratamento da condição subjacente e a recuperação da mucosa intestinal.
3. Deficiência Congênita de Lactase (Intolerância Congênita)
É uma condição genética autossômica recessiva rara, onde o indivíduo nasce com capacidade mínima ou ausente de produzir lactase devido a mutações no gene LCT. Manifesta-se nos primeiros dias de vida.
Conclusão
Este artigo abordou os fundamentos da lactose e da intolerância à lactose. A lactose é um dissacarídeo essencial no leite de mamíferos, cuja digestão depende da enzima lactase. A intolerância à lactose, resultante da deficiência dessa enzima, pode ser primária, secundária ou congênita, cada uma com causas e manifestações distintas. Compreender esses aspectos é fundamental para o diagnóstico e manejo adequados da intolerância à lactose.