Febre Zika.

O Vírus Zika é um arbovírus de genoma RNA, pertencente ao gênero Flavivírus com 1 sorotipo. Até o momento foram descritas duas linhagens: a Africana e a Asiática.

O vírus tem uma estrutura muito similar a de outros flavivírus como o vírus da dengue e febre amarela, diferenciando-se apenas por uma proteína na superfície externa do zika vírus que é o que possibilita que ele interaja nas células humanas.

Esse vírus foi identificado pela primeira vez em macacos Reshus utilizados como sentinela para detecção de febre amarela, na floresta Zika em Uganda.

transmissão

O Zika Vírus é transmitido pela picada do mosquito fêmea do gênero Aedes. Nas América, o principal vetor é o Aedes aegypti. Além da picada do mosquito, estudos relatam que também pode ser transmitido por via sexual, transmissão vertical e transfusão sanguínea. o Vírus pode ser detectado também na saliva e na urina (em maior quantidade do que no sangue). 

OBS: O Vírus foi isolado no leite materno, porém até o momento, não foi detectado vírus vivo com potencial replicativo.

Quadro Clínico

O Zika Vírus é caracterizado por apresentar sinais e sintomas semelhantes aos da gripe. Incluindo doença febril aguda e autolimitada, com temperatura normalmente abaixo de 38,5 ° C com duração de 1 a 2 dias (O paciente pode inclusive, não apresentar febre), cefaleia e mal-estar. o período de incubação é de 3 a 6 dias e a taxa de hospitalização é baixa. Além desses sinais e sintomas o paciente ainda pode apresentar, Exantema maculopapular (não costumam formar vesículas) de início precoce (aparece no 1° ou 2° dia), que ocorre de forma disseminada, de evolução crânio-caudal e acompanhado de prurido intenso. Mialgia, hiperemia conjuntival bilateral não purulenta com dor retroorbital, artralgia (envolvendo as pequenas articulações das mãos e pés que podem ser acompanhadas de edema periarticular), dor de garganta, úlceras aftosas e sintomas geniturinário e gastrointestinais (menos relatados).

aftas
exantema zika maculopapular

Em geral, evolui para cura em 3 a 7 dias do início dos sintomas e, em alguns pacientes a artralgia pode persistir por cerca de 1 mês. Porém, estima-se que menos de 20% das infecções resultem em manifestações clínicas. logo, a forma assintomática da doença é mais comum. 

OBS: Manifestações graves podem estar acompanhadas de leucopenia, trombocitopenia e enzimas hepáticas elevadas porém, a doença grave é rara de acontecer, mas quando acontece principalmente se o indivíduo tiver trombocitopenia grave ou doenças adjacentes. Pode evoluir para óbito.

COMPLICAÇÕES

Até o momento as informações sobre a patogênese do zika vírus são escassas, porém já foi confirmado o tropismo do vírus pelo SNC (Mecanismos ainda não esclarecidos) o que justifica a sua relação, com a síndrome de Guillain Barré ( a infecção pelo Zika Vírus é um gatilho para esta síndrome), neuropatia e mielite. Principalmente em crianças mais velhas e adultos.

Em julho de 2015, no Brasil foi confirmada a ocorrência de síndrome neurológica relacionada com o Zika vírus a partir da identificação do vírus em amostras do líquido cefalorraquidiano (LCR) e soro de pacientes com histórico de infecção por doenças exantemáticas.

Em 2015 também foi detectado no líquido amniótico de 2 mulheres grávidas cujos fetos apresentaram danos neurológicos sérios e microcefalia.

As doenças neurológicas, especialmente em crianças com doenças congênitas, têm sequelas de intensidade variável, conforme cada caso.

No caso de gravidas infectadas pelo Zika Vírus, durante a gestação parece estar associada com desfechos graves incluindo morte fetal, insuficiência placentária, restrição de crescimento fetal e outras malformações como a desproporção craniofacial, problemas oculares e déficit auditivo e entre elas, a microcefalia.

zika e gravidez

Quando a Mulher grávida é infectada no primeiro trimestre pode ocorrer:

– Abortos

– Quadros de microcefalia

– Artrogripose

– Anormalidades oftálmicas

Quando a mulher grávida é infectada no segundo ou terceiro trimestre:

– Ocorrem no geral poucas anormalidades congênitas.

Tratamento

Não existe um tratamento específico para o Zika vírus. Geralmente segue-se o protocolo proposto para a Dengue visto que esta patologia apresenta gravidade com maior frequência. 

O tratamento recomendado baseia-se no uso sintomático com paracetamol ou dipirona para controle da febre, uso de anti-histamínicos para prurido intenso. Não recomenda-se uso de ácido acetilsalicílico e outros anti-inflamatórios, em função do risco aumentado de complicações hemorrágicas descritas nas infecções por outros flavivírus como o da dengue.

Prevenção

Orientar a população quanto aos meios de proteção é uma das ações fundamentais para controle da doença e se baseia em medidas de proteção domiciliar com a eliminação dos criadouros, proteção individual por meio do uso de repelentes, e a coletiva com a implementação do programa de controle vetorial já estabelecida para a dengue.

bibliografia

Tratado de pediatria 4 edição volume 1

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Estudante de Medicina, Fonoaudióloga e Autora do Blog Resumos Medicina