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Guia Completo

Manejo da Via Aérea no Trauma: Guia Essencial para Profissionais

Por ResumeAi Concursos
**Instrumental estéril para via aérea avançada no trauma: laringoscópio, tubo endotraqueal, kit cricotireoidostomia.**

No dinâmico e desafiador cenário do atendimento ao trauma, poucos aspectos são tão críticos e tempo-dependentes quanto o manejo da via aérea. Uma intervenção inadequada ou tardia pode selar o destino do paciente em minutos. Este guia essencial foi meticulosamente elaborado para capacitar você, profissional de saúde na linha de frente, com o conhecimento e as técnicas cruciais para navegar desde a avaliação inicial e estabilização até as complexidades das vias aéreas difíceis e intervenções avançadas. Nosso objetivo é refinar sua abordagem, garantindo que cada decisão e ação contribua para o desfecho mais favorável ao paciente.

A Prioridade Absoluta: Avaliação Inicial e Estabilização da Via Aérea no Trauma

No universo do atendimento ao trauma, cada segundo conta e a ordem das prioridades é imutável. No topo dessa lista, como a letra 'A' do mnemônico universal ABCDE (Airway, Breathing, Circulation, Disability, Exposure), encontra-se a via aérea. Garantir sua permeabilidade não é apenas o primeiro passo; é a fundação sobre a qual todas as outras intervenções de salvamento serão construídas. Uma via aérea comprometida pode levar a danos cerebrais irreversíveis ou ao óbito em questão de minutos, tornando seu manejo a prioridade absoluta. Esta seção inicial mergulha na essência do 'A' no atendimento ao trauma, detalhando a avaliação rápida e eficaz da via aérea, a crucial imobilização cervical e os mecanismos de trauma que acendem o alerta para um possível comprometimento respiratório.

Avaliação Rápida e Eficaz: Olhos e Ouvidos Atentos

A avaliação da via aérea deve ser imediata e eficiente. O objetivo é identificar qualquer obstrução, seja ela atual ou potencial.

  • Converse com o Paciente: Uma das ferramentas mais rápidas e valiosas é a comunicação. Se o paciente consegue falar com clareza, isso geralmente indica que a via aérea está pérvia, a ventilação está ocorrendo e a perfusão cerebral é suficiente. Uma resposta verbal ausente, confusa, agitada ou uma voz rouca/estranha são sinais de alerta imediatos.
  • Observe e Ausculte:
    • Sinais Visuais: Procure por agitação (sinal precoce de hipóxia), cianose (sinal tardio), uso de musculatura acessória para respirar, retrações torácicas, movimentos paradoxais do tórax ou abdômen, e a presença de corpos estranhos, sangue, vômito ou secreções na orofaringe. Traumas faciais extensos, com sangramento ativo e deformidades, são particularmente preocupantes.
    • Sinais Auditivos: Preste atenção a ruídos respiratórios anormais:
      • Roncos: Podem indicar obstrução pela queda da língua.
      • Estridor: Um som agudo durante a inspiração, sugere obstrução da laringe ou traqueia.
      • Gorgolejo: Indica a presença de líquido (sangue, secreções) na via aérea.
      • Sibilos: Mais comuns em condições como asma, mas podem ocorrer por aspiração ou edema.
  • Principais Causas de Obstrução no Trauma:
    • Queda da língua: Especialmente em pacientes com rebaixamento do nível de consciência.
    • Sangue, vômito, secreções: Comuns em traumas faciais, cranianos ou torácicos.
    • Corpos estranhos: Dentes quebrados, fragmentos de próteses, detritos do acidente.
    • Edema de tecidos moles: Por trauma direto, hematomas em expansão (pescoço) ou queimaduras de vias aéreas.

A Importância Vital da Imobilização Cervical

Paralelamente à avaliação da via aérea, a proteção da coluna cervical é mandatória em qualquer paciente traumatizado, especialmente naqueles com trauma craniofacial, mecanismo de trauma significativo ou alteração do nível de consciência. O 'A' do ABCDE frequentemente é descrito como "Airway with Cervical Spine Protection" (Via Aérea com Proteção da Coluna Cervical).

  • A imobilização deve ser realizada com um colar cervical de tamanho adequado e, idealmente, complementada por coxins laterais e fixação à prancha longa durante o transporte inicial.
  • Qualquer manobra para abrir a via aérea (como a elevação do ângulo da mandíbula – jaw thrust) deve ser feita com extremo cuidado para evitar movimentação da coluna cervical.

Mecanismos de Trauma que Exigem Atenção Redobrada

Certos mecanismos de lesão aumentam significativamente o índice de suspeita para comprometimento da via aérea e outras lesões graves. Estes incluem:

  • Ejeção do veículo ou capotamento.
  • Morte de outro ocupante no mesmo veículo.
  • Atropelamento, especialmente em alta velocidade.
  • Queda de altura significativa (geralmente > 3 vezes a altura da vítima, ou > 1 metro para crianças < 2 anos e > 1,5 metro para crianças > 2 anos).
  • Trauma cranioencefálico (TCE) grave, especialmente com Escala de Coma de Glasgow (ECG) ≤ 8.
  • Trauma facial extenso ou penetrante no pescoço.
  • Queimaduras em face, pescoço ou suspeita de inalação de fumaça.
  • Impacto na cabeça por objeto em alta velocidade.
  • Ciclista envolvido em colisão, especialmente sem capacete.

Pacientes envolvidos nesses cenários necessitam de uma avaliação da via aérea particularmente rigorosa e, frequentemente, de uma via aérea definitiva precoce.

Estabilização Inicial: Manobras e Decisões Críticas

Identificada uma via aérea comprometida ou em risco, a intervenção deve ser imediata:

  1. Manobras de Abertura:
    • Elevação do ângulo da mandíbula (Jaw Thrust): Técnica de escolha no trauma, pois minimiza o movimento cervical.
    • Chin Lift (Elevação do Mento): Pode ser usada se a jaw thrust for ineficaz, mas com extremo cuidado para não estender o pescoço.
  2. Aspiração: Remoção de sangue, secreções ou vômito da orofaringe com um aspirador de ponta rígida (Yankauer).
  3. Oxigênio Suplementar: Administrar oxigênio em alto fluxo (10-15 L/min) através de uma máscara não reinalante com reservatório, assim que a via aérea estiver desobstruída.
  4. Considerar Via Aérea Definitiva: Se o paciente não consegue manter a via aérea pérvia, apresenta Glasgow ≤ 8, tem risco iminente de obstrução (ex: hematoma em expansão no pescoço, edema de glote por queimadura de via aérea, trauma maxilofacial maciço) ou incapacidade de manter oxigenação/ventilação adequadas, uma via aérea definitiva é necessária. A intubação orotraqueal é geralmente o método de escolha no trauma, realizada com técnica de sequência rápida de intubação e proteção da coluna cervical.

A avaliação da via aérea não é um evento único, mas um processo contínuo. O estado do paciente pode mudar rapidamente, exigindo reavaliações frequentes e intervenções ágeis para manter a prioridade absoluta: uma via aérea pérvia e funcional.

Garantindo a Oxigenação e Ventilação: Técnicas e Dispositivos Iniciais

Uma vez avaliada a via aérea, a manutenção da oxigenação e ventilação adequadas torna-se o foco subsequente, utilizando técnicas e dispositivos iniciais para estabilizar o paciente antes de considerar intervenções avançadas. A hipóxia tecidual agrava as lesões traumáticas e piora o prognóstico.

Administração de Oxigênio Suplementar: Uma Medida Universal

Conforme mencionado, toda vítima de trauma deve receber oxigênio suplementar em alto fluxo (geralmente 10-15 litros por minuto) através de uma máscara não reinalante com reservatório, visando ofertar uma fração inspirada de oxigênio (FiO₂) próxima a 100%, a menos que uma via aérea definitiva seja imediatamente indicada. Dispositivos como cateteres nasais, embora úteis em outras situações, geralmente não fornecem a concentração de oxigênio necessária no contexto agudo do trauma.

Dispositivos Básicos para Manutenção da Perviedade da Via Aérea

Frequentemente, a obstrução da via aérea em pacientes com rebaixamento do nível de consciência ocorre pela queda da base da língua. Para combater isso, dispositivos adjuntos simples podem ser empregados:

  • Cânula Orofaríngea (Guedel): Inserida na boca, esta cânula se posiciona entre a base da língua e a parede posterior da faringe. É indicada apenas em pacientes inconscientes e sem reflexo de vômito (gag reflex), pois sua inserção em pacientes com reflexos presentes pode induzir vômito e broncoaspiração. Importante ressaltar que a cânula orofaríngea não é contraindicada em suspeitas de fratura de base de crânio.
  • Cânula Nasofaríngea: Inserida através de uma narina, é uma alternativa mais bem tolerada por pacientes com algum nível de consciência ou com trismo. Deve ser usada com extrema cautela e é contraindicada na suspeita de fratura de base de crânio, devido ao risco teórico de passagem intracraniana.

É fundamental lembrar que esses dispositivos são adjuntos, mas não constituem uma via aérea definitiva e não protegem contra a broncoaspiração.

Ventilação com Bolsa-Válvula-Máscara (BVM): Suporte Ventilatório Essencial

Quando o paciente não ventila espontaneamente de forma adequada ou está em apneia, a ventilação com pressão positiva (VPP) utilizando uma bolsa-válvula-máscara (BVM), conectada a uma fonte de O₂ a 100%, é uma manobra salvadora. A técnica exige selamento adequado da máscara, abertura da via aérea (jaw thrust preferencial no trauma) e ventilações suficientes para elevação torácica, evitando hiperventilação. Na RCP, são 2 ventilações após 30 compressões. Se ineficaz, corrija a técnica antes de progredir para via aérea avançada.

A avaliação contínua guiará a necessidade de otimizar essas técnicas ou progredir para uma via aérea avançada.

Via Aérea Definitiva no Trauma: Definição, Indicações Cruciais e Métodos

Quando as manobras iniciais e dispositivos básicos são insuficientes, ou quando o quadro clínico do paciente sinaliza um risco iminente, o estabelecimento de uma via aérea definitiva torna-se imperativo.

O que é uma Via Aérea Definitiva?

Caracteriza-se pela colocação de um tubo diretamente na traqueia, com um balonete (cuff) insuflado abaixo das pregas vocais, conectado a um sistema de ventilação assistida enriquecida com oxigênio. Isso assegura perviedade, proteção contra aspiração e ventilação/oxigenação controladas.

Indicações Cruciais para uma Via Aérea Definitiva no Trauma

A decisão baseia-se na identificação de comprometimento atual ou iminente da via aérea, ventilação ou oxigenação:

  • Incapacidade de Manter a Via Aérea Pérvia ou Ventilação/Oxigenação Adequadas:
    • Apneia.
    • Falha de métodos básicos.
    • Falência respiratória ou SpO2 < 90% apesar de O2 suplementar.
    • Necessidade de ventilação mecânica.
    • Taquipneia progressiva ou esforço respiratório aumentado.
  • Proteção Contra Aspiração:
    • Risco significativo de aspiração (sangue, vômito).
    • Convulsões reentrantes ou prolongadas.
  • Comprometimento Neurológico:
    • Conforme já destacado, um rebaixamento crítico do nível de consciência (Escala de Coma de Glasgow - ECG ≤ 8) é uma indicação clássica.
    • Traumatismo Cranioencefálico (TCE) grave.
    • Previsão de deterioração neurológica.
  • Risco Iminente ou Estabelecido de Obstrução da Via Aérea:
    • Situações como traumas maxilofaciais extensos, lesões térmicas ou inalatórias das vias aéreas com edema progressivo, e hematomas cervicais expansivos – já alertados na avaliação inicial – também demandam uma via aérea definitiva.
    • Lesão direta de traqueia ou laringe.
    • Estridor ou cornagem.
  • Outras Condições Específicas no Trauma:
    • Lesão torácica grave (tórax instável, hemotórax maciço).
    • Instabilidade hemodinâmica refratária.
    • Agitação psicomotora grave secundária à hipóxia/hipercarbia ou que impeça tratamento.
    • Necessidade de anestesia geral para cirurgias urgentes.

Uma única indicação clara pode ser suficiente.

Métodos para Obtenção da Via Aérea Definitiva

  1. Métodos Não Cirúrgicos:
    • Intubação Orotraqueal (IOT): Via de escolha na maioria dos casos, com Sequência Rápida de Intubação.
    • Intubação Nasotraqueal (INT): Menos comum, contraindicada em suspeita de fratura de base de crânio ou trauma facial grave com fraturas nasais.
  2. Métodos Cirúrgicos (Via Aérea Cirúrgica): Reservados para quando a intubação não é factível/contraindicada.
    • Cricotireoidostomia Cirúrgica: Procedimento de emergência de escolha quando a IOT falha ou não pode ser realizada.
    • Traqueostomia: Mais complexa, não usualmente a primeira opção na emergência.

A escolha depende da urgência, lesões, experiência e recursos, priorizando sempre uma via aérea segura e eficaz rapidamente.

A Via Aérea Cirúrgica no Trauma: Quando e Como Intervir

Em cenários extremos onde a intubação orotraqueal ou nasotraqueal falha ou é inviável, a via aérea cirúrgica emerge como a intervenção de resgate. Este procedimento, reservado para momentos de "não consigo intubar, não consigo ventilar", envolve a criação de um acesso direto à traqueia.

Indicações Precisas para a Intervenção Cirúrgica

A decisão baseia-se em critérios rigorosos:

  • Falha ou Impossibilidade de Intubação: Indicação mais comum.
  • Trauma Maxilofacial Extenso: Lesões faciais severas que causam obstrução mecânica, distorção anatômica ou alto risco de aspiração, como já discutido, podem tornar a intubação convencional impossível, sendo uma indicação formal para via aérea cirúrgica.
  • Edema Significativo de Vias Aéreas Superiores: Por trauma direto, queimaduras inalatórias ou hematomas cervicais expansivos.
  • Fratura de Laringe ou Traqueia: Suspeita ou confirmação.
  • Hemorragia Orofaríngea Incontrolável: Impedindo visualização para IOT.
  • Distorção da Anatomia Cervical: Grandes hematomas, lesões penetrantes com desvio de traqueia.

Tipos de Acesso Cirúrgico e Considerações Técnicas

  • Cricotireoidostomia Cirúrgica:
    • Frequentemente a escolha no trauma em adultos em emergências, pela rapidez e simplicidade.
    • Incisão da membrana cricotireóidea para inserção de tubo.
    • Contraindicações: Absolutamente contraindicada em fratura de laringe suspeita ou confirmada (preferir traqueostomia) e geralmente em crianças menores de 12 anos (risco de estenose subglótica).
  • Traqueostomia de Emergência:
    • Abertura na parede anterior da traqueia. Mais complexa e demorada.
    • Opção quando a cricotireoidostomia é contraindicada ou se prevê necessidade prolongada.
    • Contraindicações: A necessidade de extensão cervical para exposição adequada é relativamente contraindicada em pacientes com suspeita ou confirmação de fratura instável da coluna cervical.

Trauma Craniofacial e Vias Aéreas: Implicações nas Escolhas

Reiterando um ponto crucial para traumas craniofaciais: a intubação nasotraqueal, a cânula nasofaríngea e a aspiração nasotraqueal são contraindicadas na presença ou suspeita forte de fratura de base de crânio (ex: sinal de Battle, olhos de guaxinim, otorreia ou rinorreia liquórica), devido ao risco de penetração na cavidade craniana.

Desafios Específicos: Via Aérea em Traumas Complexos e Situações Difíceis

O manejo da via aérea pode se tornar particularmente complexo diante de lesões específicas, exigindo conhecimento especializado e tomada de decisão rápida.

Trauma Craniofacial e Maxilofacial: O Campo Minado da Via Aérea

Lesões craniofaciais comprometem a via aérea por sangramento, edema ou deslocamento de estruturas.

  • Desafios Técnicos: Abertura bucal limitada (trismo), necessidade de aspiração vigorosa e exploração digital da cavidade oral. Fraturas mandibulares bilaterais podem causar glossoptose.
  • Contraindicações Cruciais: Como já enfatizado, dispositivos ou manobras nasais (cânula nasofaríngea, intubação nasotraqueal, aspiração nasotraqueal) são contraindicados na suspeita de fratura de base de crânio.

Trauma Cervical e Suspeita de Lesão Medular: Imobilizar e Proteger

A prioridade é a estabilização da coluna cervical.

  • Manejo da Via Aérea: Intubação orotraqueal com estabilização manual em linha da coluna cervical é a técnica de escolha.
  • Vias Aéreas Definitivas: Indicada em traumatismo raquimedular cervical (TRM) com insuficiência respiratória.

Traumatismo Cranioencefálico (TCE) Grave: Protegendo o Cérebro

No TCE grave (ECG ≤ 8), a via aérea definitiva precoce visa proteger contra aspiração, garantir oxigenação (prevenir hipóxia) e ventilação (prevenir hipercapnia) ótimas para evitar lesão cerebral secundária, e facilitar o manejo da pressão intracraniana (PIC).

  • Manejo Agudo: Reanimação volêmica para manter perfusão cerebral adequada (reanimação hipotensiva é contraindicada). Solução salina hipertônica pode ser usada criteriosamente para reduzir PIC em herniação iminente, sem atrasar a intubação.

Queimaduras de Vias Aéreas: A Ameaça do Edema Progressivo

Lesão térmica ou química pode levar a edema rapidamente progressivo. A antecipação é chave.

  • Sinais de Alerta: Escarro carbonáceo, rouquidão (sinal formal para via aérea definitiva), estridor, queimaduras faciais/orais, história de confinamento em fumaça.
  • Intervenção: Intubação orotraqueal (IOT) precoce é a primeira escolha. Se falhar, a via aérea cirúrgica (cricotireoidostomia, com suas já mencionadas contraindicações) é uma opção.

A Via Aérea Difícil (VAD): Antecipação e Estratégia

VAD é a dificuldade com ventilação por máscara facial, intubação traqueal, ou ambas.

  • Avaliação e Preditores: Abertura bucal limitada (< 3 cm), diminuição da extensão atlanto-occipital, Mallampati III/IV, distância tireomentoniana curta, macroglossia, obesidade, história de VAD.
  • Impacto e Riscos: Hipóxia, lesão cerebral, PCR, morte, aspiração.
  • Manejo Anestésico e Estratégias:
    • Planejamento crucial se VAD antecipada.
    • Intubação com paciente acordado (fibroscopia óptica flexível) é mais segura para VAD conhecida.
    • Indução anestésica não deve preceder acesso seguro à via aérea em VAD conhecida.
    • Indução em Sequência Rápida (ISR) não recomendada em VAD conhecida, salvo plano de resgate robusto.
    • Cautela extrema com sedativos que deprimam SNC antes da via aérea segura.

Ventilação Não Invasiva (VNI) no Trauma: Uso Seletivo

VNI pode ter papel em casos selecionados, mas com contraindicações importantes.

  • Considerações: Contraindicação relativa em trauma de face (dificuldade de aplicação, escape de ar).
  • Contraindicações Absolutas no Trauma: Lesão de vias aéreas superiores com obstrução, instabilidade hemodinâmica, TCE grave (Glasgow ≤ 8) ou agitação não controlada, vômitos ativos, incapacidade de proteger via aérea, pneumotórax não drenado.

Manejo Avançado em Crises: Via Aérea na PCR Traumática e Cuidados Contínuos

A Parada Cardiorrespiratória Traumática (PCRT), ausência de pulsos centrais e inconsciência em vítima de trauma, exige rápida identificação e tratamento de causas reversíveis (hipoxemia, pneumotórax hipertensivo, hipovolemia, tamponamento cardíaco, contusão miocárdica). O manejo inicial (C-A-B) inclui via aérea definitiva com O2 100%, ressuscitação volêmica e, se indicada, descompressão torácica bilateral.

Ventilação na PCR com Via Aérea Avançada

Uma vez estabelecida (tubo orotraqueal, dispositivo supraglótico):

  • Frequência: 1 ventilação a cada 6 segundos (10/min).
  • Modo: Ventilações contínuas, não sincronizadas com compressões torácicas (também contínuas).
  • Volume: Apenas para elevação visível do tórax, evitando excesso.
  • Monitoramento: Capnografia quantitativa (posição do tubo, qualidade da RCP, RCE).
  • Dispositivo: Geralmente BVM com O2. Ventilador mecânico em situações específicas (ex: COVID-19). Se obtenção de via aérea avançada for demorada, BVM é aceitável para não atrasar compressões.

Toracotomia de Reanimação: Uma Medida Heroica

Em PCRT persistente, pode ser salvadora, especialmente em trauma penetrante no tórax com sinais de vida recentes ou PCR testemunhada, ou trauma contuso selecionado. Objetivos: alívio do tamponamento cardíaco, controle de hemorragias, massagem cardíaca interna, clampeamento da aorta torácica.

Cuidados Contínuos e Integração Estratégica

O manejo da via aérea exige reavaliação contínua, mesmo em pacientes intubados, especialmente em transferências. No pré-hospitalar, manejo adequado e transporte rápido são vitais. Este manejo deve ser integrado a estratégias como a Cirurgia de Controle de Danos (CCD) para pacientes graves e instáveis, focando no controle rápido de hemorragia e contaminação, adiando procedimentos definitivos. Após CCD, o paciente vai à UTI para estabilização fisiológica (correção de hipotermia, acidose, coagulopatia), seguida por reabordagem cirúrgica planejada.

Dominar o manejo da via aérea nesses cenários desafiadores é uma habilidade crítica para otimizar os desfechos dos pacientes.


Dominar o manejo da via aérea no trauma é uma jornada de aprendizado contínuo e uma responsabilidade fundamental para todos os profissionais envolvidos no cuidado crítico. Desde a rápida avaliação e estabilização inicial, passando pela escolha criteriosa entre dispositivos básicos e vias aéreas definitivas, até a abordagem de cenários complexos como o trauma craniofacial ou a PCR traumática, cada etapa exige precisão, conhecimento e prontidão. Esperamos que este guia tenha solidificado sua compreensão e aprimorado suas habilidades para enfrentar esses desafios com confiança e eficácia.

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