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Escabiose (Sarna): Guia Completo de Sintomas, Diagnóstico e Tratamento

Por ResumeAi Concursos
Imagem ilustrativa sobre Escabiose (Sarna): Guia Completo de Sintomas, Diagnóstico e Tratamento

A sarna humana, ou escabiose, vai muito além de uma simples coceira. É uma condição dermatológica que pode trazer grande desconforto e, se não compreendida e tratada corretamente, pode persistir e se espalhar. Este guia completo foi elaborado por nossa equipe editorial para oferecer a você, leitor, informações claras, precisas e acionáveis sobre a escabiose. Desde o entendimento do minúsculo ácaro causador e seus rastros na pele, passando pelas formas de diagnóstico – incluindo aquelas apresentações que podem confundir – até as estratégias de tratamento mais eficazes e os cuidados essenciais para toda a família, nosso objetivo é desmistificar a sarna e capacitá-lo a lidar com ela da melhor forma.

O Que é Escabiose (Sarna)? Entendendo a Infestação e Suas Causas

A escabiose, popularmente conhecida como sarna humana, é uma dermatose infecciosa comum e altamente contagiosa, causada pela infestação da pele por um ácaro minúsculo, o Sarcoptes scabiei variedade hominis. Este parasita, invisível a olho nu, é específico do ser humano, o que significa que a sarna humana geralmente não é transmitida por animais de estimação (que podem ter seus próprios tipos de sarna).

Após o acasalamento na superfície da pele, a fêmea do ácaro penetra na camada mais externa (epiderme), escavando túneis ou galerias onde deposita seus ovos (2 a 3 por dia) e elimina suas fezes. São esses elementos, juntamente com o próprio ácaro, que desencadeiam uma reação alérgica no hospedeiro. Essa reação resulta no sintoma mais característico da doença: a coceira intensa (prurido), que tipicamente piora durante a noite, período de maior atividade do ácaro. O ciclo de vida completo do parasita, de ovo a adulto, ocorre na pele do hospedeiro e dura cerca de 10 a 14 dias.

A principal forma de transmissão da escabiose é através do contato direto e prolongado pele a pele com uma pessoa infestada, comum entre membros da mesma família, parceiros sexuais e em ambientes de convívio próximo como creches, escolas e asilos. Menos frequentemente, a transmissão pode ocorrer por contato com fômites contaminados, como roupas de cama, toalhas e vestimentas pessoais, já que o ácaro sobrevive por 24 a 36 horas fora do corpo humano. Qualquer pessoa pode contrair sarna, independentemente de idade, raça ou classe social, embora condições de superlotação possam facilitar sua disseminação.

O período de incubação – tempo entre a infestação e o aparecimento dos sintomas – varia: na primeira infestação, pode levar de três a seis semanas; em reinfestações, os sintomas podem surgir em apenas 1 a 4 dias, devido à memória imunológica. Uma pessoa com escabiose é transmissível enquanto estiver infestada e não tratada. Por isso, o tratamento deve abranger todos os contactantes próximos, mesmo assintomáticos, para interromper a cadeia de transmissão. Compreender esses aspectos é fundamental para abordar as manifestações clínicas e o tratamento.

Sintomas da Escabiose: Como Reconhecer os Sinais na Pele

Identificar a escabiose começa pelo reconhecimento de seus sinais e sintomas característicos. O mais emblemático é o prurido intenso, particularmente excruciante durante a noite, resultado de uma reação de hipersensibilidade ao ácaro, seus ovos e fezes.

Além da coceira, a pele apresenta lesões típicas:

  • Túneis ou Sulcos Cutâneos: Pequenas linhas finas (5mm a 15mm), elevadas e sinuosas, representando o trajeto da fêmea do ácaro. São altamente sugestivos da doença.
  • Pápulas: Pequenas elevações sólidas e avermelhadas, frequentemente arranhadas (escoriadas) devido à coceira.
  • Vesículas: Pequenas bolhas com líquido claro, mais comuns em crianças, especialmente em mãos e pés.
  • Pústulas: Podem surgir se as lesões forem contaminadas por bactérias (impetiginização).

A localização das lesões também é um fator crucial:

  • Adultos: Comumente em espaços interdigitais (entre os dedos), punhos, axilas, região periumbilical, cintura, sulco interglúteo, genitália masculina e aréolas mamárias.
  • Crianças, Lactentes e Idosos: Além das áreas típicas, é frequente o acometimento das palmas das mãos e plantas dos pés (palmoplantar). Lactentes podem ter lesões disseminadas, inclusive na face e couro cabeludo.

É fundamental estar ciente de algumas variações e apresentações atípicas:

  • Escabiose Nodular: Nódulos pruriginosos, firmes, vermelho-acastanhados, principalmente em áreas cobertas como genitais, axilas e virilhas. Podem persistir mesmo após a erradicação dos ácaros.
  • Acometimento Facial e do Couro Cabeludo: Raro em adultos imunocompetentes, mas pode ocorrer em lactentes, idosos e imunocomprometidos.
  • Ausência de Prurido: Em raras situações, especialmente em idosos, imunodeprimidos ou na sarna crostosa, a coceira pode ser mínima ou ausente, dificultando o diagnóstico.

A presença de sintomas semelhantes em contactantes próximos reforça a suspeita diagnóstica.

Diagnóstico da Escabiose e Apresentações Específicas

O diagnóstico da escabiose é predominantemente clínico, baseado na história do paciente (prurido intenso com piora noturna) e no exame físico que revela as lesões cutâneas características já descritas. A identificação de um túnel acariano é quase confirmatória. Em casos duvidosos ou atípicos, o médico pode realizar um exame parasitológico direto, raspando as lesões para visualizar o ácaro, seus ovos ou fezes sob microscopia.

A apresentação da escabiose pode variar, exigindo atenção para um diagnóstico preciso, especialmente em:

  • Lactentes e Recém-Nascidos: Quadro mais disseminado, com frequente acometimento de face, couro cabeludo, palmas e plantas, podendo apresentar vesículas e pústulas exuberantes, além de irritabilidade acentuada.
  • Crianças: Lesões comuns em mãos e pés, podendo ocorrer eczematização (pele inflamada e áspera).
  • Idosos: O quadro pode ser atípico, com lesões disseminadas e acometimento palmoplantar. A resposta inflamatória e o prurido podem ser menos intensos ou até ausentes.
  • Indivíduos Imunossuprimidos: Podem desenvolver quadros graves e disseminados, incluindo face e região palmoplantar. A sarna crostosa (ou norueguesa) é uma forma particularmente severa e altamente contagiosa, caracterizada por lesões espessas, crostosas e generalizadas, com um número muito elevado de ácaros, podendo cursar com pouco ou nenhum prurido.
  • "Escabiose do Indivíduo Asseado" (Sarna dos Limpos): Desafiadora para o diagnóstico devido às poucas lesões visíveis e raros túneis, apesar do prurido intenso e desproporcional.

A correta identificação do quadro, considerando essas particularidades, é fundamental para o manejo adequado.

Tratamentos Tópicos para Escabiose: Permetrina como Principal Aliada

A abordagem terapêutica tópica é a linha de frente no combate à escabiose, e a permetrina a 5% (creme ou loção) destaca-se como o tratamento de escolha para a maioria dos pacientes, incluindo adultos e crianças a partir dos 2 meses de idade, devido à sua alta eficácia e bom perfil de segurança. Ela age em todos os estágios do parasita, incluindo os ovos.

Como utilizar a Permetrina 5%? A aplicação correta é crucial:

  1. Aplicar em toda a superfície corporal, do pescoço para baixo, incluindo áreas como entre os dedos, axilas, região genital e sob as unhas.
  2. Em lactentes (a partir de 2 meses) e crianças pequenas, incluir o couro cabeludo, nuca e têmporas.
  3. Geralmente à noite, permanecendo na pele por 8 a 14 horas, removendo no banho matinal.
  4. Recomenda-se repetir a aplicação após 7 a 10 dias para eliminar ácaros recém-eclodidos.

A permetrina a 1% (para piolhos) não é adequada para escabiose. Para crianças menores de 2 meses e gestantes, o enxofre precipitado (5% a 10% em vaselina) é frequentemente a opção preferencial, conforme detalhado adiante.

A deltametrina (ex: 0,02%) é outro piretroide tópico, mas a permetrina é geralmente considerada mais eficaz. Seu uso não é recomendado em menores de 2 meses e pode ser contraindicado em alérgicos respiratórios.

O sucesso do tratamento tópico também exige tratar todos os contactantes próximos simultaneamente, mesmo assintomáticos. Corticoides tópicos isolados não devem ser usados para tratar a infestação ativa, pois mascaram a doença.

Tratamento Sistêmico e Alternativas: Ivermectina, Enxofre e Outras Opções

Quando o tratamento tópico não é suficiente ou em situações particulares, opções sistêmicas ou alternativas tópicas são consideradas.

Ivermectina: O Tratamento Sistêmico de Destaque

A ivermectina oral é um antiparasitário eficaz, administrado em dose única baseada no peso (usualmente 200 mcg/kg), com repetição da dose após 7 a 14 dias para garantir a erradicação. É preferencialmente indicada para:

  • Casos de sarna crostosa (norueguesa).
  • Pacientes imunossuprimidos.
  • Controle de surtos em instituições.
  • Pacientes com dermatite atópica grave ou outras condições de pele extensas.
  • Falha terapêutica com tratamentos tópicos. Restrições: Contraindicada para crianças menores de 5 anos ou com peso inferior a 15 kg, e seu uso em gestantes (categoria C) e lactantes requer cuidadosa avaliação médica.

Enxofre: Uma Alternativa Segura para Grupos Sensíveis

O enxofre precipitado (5% a 10% em vaselina ou pasta d'água) é um tratamento antigo e seguro, sendo a escolha para:

  • Gestantes.
  • Lactantes.
  • Lactentes com menos de 2 meses de idade. Aplica-se topicamente em todo o corpo (do pescoço para baixo) por três noites consecutivas, removendo pela manhã. Pode causar ressecamento ou irritação leve, e possui odor característico.

Benzoato de Benzila: Outra Opção Tópica

Disponível em loções (10% a 25%), aplica-se em todo o corpo, permanecendo por 12 a 24 horas, geralmente por uma a três noites. Seu uso pode ser limitado pela frequente irritação cutânea (queimação, vermelhidão, ressecamento).

Lindano: Uma Opção em Desuso

O lindano 1% é pouco recomendado devido ao potencial de neurotoxicidade, especialmente em crianças, idosos e indivíduos com baixo peso. Alternativas mais seguras são preferidas.

A escolha do tratamento deve ser sempre médica, considerando o tratamento simultâneo de contactantes.

Manejo Completo da Escabiose: Tratando a Família, Contactantes e Cuidados Essenciais

A erradicação eficaz da escabiose exige uma abordagem que vai além do indivíduo diagnosticado, envolvendo todos os contactantes próximos e cuidados ambientais rigorosos.

A Regra de Ouro: Tratar Todos os Contactantes Simultaneamente

Devido à alta contagiosidade e ao período de incubação (onde portadores podem ser assintomáticos), é imperativo tratar todos os membros da família e contactantes próximos (parceiros sexuais, cuidadores) ao mesmo tempo que o paciente, mesmo que não apresentem sintomas. A falha em seguir esta regra é uma das principais causas de insucesso terapêutico e reinfestação. O tratamento dos contactantes deve seguir as diretrizes específicas para cada faixa etária ou condição (ex: uso de enxofre em gestantes e bebês pequenos), conforme discutido nas seções de tratamento.

Cuidados Ambientais: Eliminando o Ácaro de Roupas e Objetos

O ácaro da sarna pode sobreviver fora do corpo humano por 24 a 72 horas. Portanto:

  • Roupas e Roupas de Cama: Lavar todas as roupas, roupas de cama e toalhas usadas nos três dias anteriores ao tratamento em água quente (acima de 50°C) e secar em secadora quente ou ao sol.
  • Itens Não Laváveis: Selar em sacos plásticos por pelo menos 72 horas (idealmente uma semana).
  • Aspiração: Aspirar tapetes, carpetes e estofados, especialmente em casos de sarna crostosa.

Vigilância e Controle em Ambientes Coletivos

Em ambientes como creches e escolas, a comunicação da suspeita ou confirmação de escabiose é vital. Recomenda-se o afastamento da criança por 24 horas após a conclusão do tratamento eficaz. A instituição deve reforçar medidas de higiene e monitorar novos casos.

Contextos Especiais

A sarna zoótica, transmitida por animais, causa lesões autolimitadas em humanos, pois o ácaro animal não completa seu ciclo em nossa pele. O tratamento do animal é fundamental.

O manejo bem-sucedido depende de uma estratégia multifacetada: tratamento medicamentoso correto do paciente e contactantes, e medidas ambientais. A orientação médica é indispensável.

Complicações e Prurido Pós-Tratamento: O Que Esperar e Como Lidar

Após um tratamento eficaz contra a sarna, é comum que alguns sintomas, como a coceira, persistam temporariamente.

Prurido Persistente: A Coceira que Demora a Passar A persistência do prurido por 2 a 4 semanas (ou até um mês) após o tratamento não indica, na maioria dos casos, falha terapêutica. Isso ocorre devido a uma reação alérgica residual aos "restos antigênicos" dos ácaros na pele. A intensidade da coceira deve diminuir gradualmente. Para alívio, o médico pode indicar anti-histamínicos orais. Se o prurido persistir intensamente por mais de quatro semanas ou surgirem novas lesões típicas, uma reavaliação médica é necessária.

Quando a Coceira Abre Portas: Infecções Bacterianas Secundárias (Impetiginização) O ato de coçar pode criar feridas, facilitando infecções bacterianas secundárias, como o impetigo, frequentemente causado por Staphylococcus aureus ou Streptococcus pyogenes. Sinais de alerta incluem pústulas, bolhas com pus ou crostas melicéricas (amareladas). O tratamento requer antibióticos (tópicos ou orais) sob prescrição médica. Complicações raras do impetigo estreptocócico incluem a glomerulonefrite aguda.

Marcas da Batalha: Lesões Cutâneas Pós-Tratamento Podem surgir lesões eczematosas (pele avermelhada, seca, com descamação) ou manchas hipercrômicas (escuras) pós-inflamatórias, que tendem a clarear com o tempo. É importante diferenciá-las das lesões ativas da sarna (pápulas, vesículas, sulcos pruriginosos).

Alívio dos Sintomas: Tratamentos Adjuvantes e Cuidados Gerais Além dos anti-histamínicos, cremes calmantes (ex: com calamina) e a hidratação da pele com emolientes neutros podem ajudar. Evitar irritantes como roupas apertadas e banhos muito quentes também é benéfico. Antifúngicos não têm eficácia.

Consulte seu médico se tiver dúvidas sobre a evolução do quadro ou surgimento de novas lesões.

Tratamentos a Evitar na Escabiose: Mitos e Abordagens Ineficazes

Na busca por alívio da coceira intensa da escabiose, é crucial evitar tratamentos inadequados que podem ser ineficazes ou até prejudiciais.

O Perigo dos Corticoides: Alívio Enganoso

Corticoides tópicos (hidrocortisona, betametasona, clobetasol) e sistêmicos (prednisona) são contraindicados como tratamento principal da escabiose. Eles podem aliviar temporariamente a coceira, mascarando os sintomas, mas não eliminam o ácaro. Ao suprimir a resposta inflamatória, podem agravar a infestação, levando a quadros como a "sarna crostosa". Só devem ser usados, se muito, sob estrita orientação médica para dermatite pós-escabiose, após a erradicação do ácaro.

Antibióticos e Antifúngicos: Confundindo o Alvo

  • Antibióticos (quinolonas, penicilina benzatina): Combatem bactérias, não o ácaro da sarna. Seu uso só se justifica em caso de infecção bacteriana secundária, sob prescrição.
  • Antifúngicos (cetoconazol, clotrimazol, fluconazol, griseofulvina, nistatina): Tratam infecções fúngicas (micoses), sendo completamente ineficazes contra a escabiose, que é uma parasitose.

Outros Antiparasitários e Medicamentos: Nem Todo Remédio Serve Para Tudo

Medicamentos como albendazol, secnidazol e nitazoxanida, embora antiparasitários, não são eficazes ou indicados para escabiose. O tiabendazol também não é uma opção de primeira linha.

Mitos Populares: Hidratação e Sabonetes "Milagrosos"

  • Hidratação Excessiva: Hidratantes, mesmo com ureia, não eliminam o ácaro. Podem aliviar o ressecamento, mas não tratam a infestação.
  • Sabonetes Específicos: Não há sabonete "mágico" que cure a escabiose. Alguns podem ser ineficazes e causar irritação. A higiene deve ser mantida com sabonetes comuns e suaves.

O tratamento da escabiose requer medicamentos escabicidas específicos, prescritos por um médico após diagnóstico correto. Evitar a automedicação e abordagens ineficazes é fundamental para uma recuperação segura.


A jornada pelo conhecimento da escabiose, desde suas causas até as formas mais eficazes de tratamento e manejo, é essencial para combater essa condição tão incômoda. Esperamos que este guia tenha esclarecido suas dúvidas e fornecido as ferramentas necessárias para entender melhor a sarna humana. Lembre-se, a informação correta é o primeiro passo para a saúde, e a orientação médica é insubstituível para um diagnóstico preciso e um tratamento adequado para você e sua família.

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