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Estudo Detalhado

Empiema: O que é, Tipos, Fases e Tratamentos (Guia Completo)

Por ResumeAi Concursos
Empiema pleural: acúmulo de pus amarelado no espaço entre o pulmão e a parede do tórax.

Em um cenário onde a informação médica é abundante, mas nem sempre clara, o termo "empiema" pode parecer mais um jargão intimidador. No entanto, entender o que ele significa é fundamental, pois se trata de uma complicação grave de infecções comuns, como a pneumonia. Este guia foi elaborado por nossa equipe editorial para desmistificar o empiema, oferecendo um mapa claro e confiável sobre o assunto. Navegaremos desde a sua definição e causas até as suas fases evolutivas e os tratamentos específicos para cada uma, garantindo que você tenha um entendimento completo e preciso sobre esta condição séria, que exige diagnóstico rápido e ação decisiva.

O que é Empiema? Entendendo o Acúmulo de Pus no Corpo

O termo "empiema", derivado do grego, refere-se a um acúmulo de pus dentro de uma cavidade natural do corpo. De forma simples, empiema é a coleção de material purulento (pus) em um espaço pré-existente, transformando-o em um abscesso localizado.

Embora possa ocorrer em outros locais, como na vesícula biliar, o tipo mais comum e clinicamente significativo é o empiema pleural. Ele se desenvolve no espaço pleural, uma fina camada localizada entre a superfície dos pulmões e a parede interna do tórax. Normalmente, esse espaço contém apenas uma pequena quantidade de líquido lubrificante. Contudo, quando uma infecção se instala, o cenário muda drasticamente.

Na grande maioria dos casos, o empiema é uma complicação de uma infecção bacteriana, sendo a pneumonia a causa mais frequente. O processo geralmente ocorre da seguinte forma:

  1. Infecção Inicial: Uma infecção, como uma pneumonia, se instala no pulmão.
  2. Derrame Pleural: A inflamação leva ao acúmulo de líquido no espaço pleural, uma condição chamada derrame pleural parapneumônico.
  3. Invasão Bacteriana: Se as bactérias da infecção pulmonar conseguem invadir esse líquido, elas começam a se multiplicar.
  4. Formação de Pus: A resposta do sistema imunológico, com o envio de células de defesa, resulta na formação de pus — um líquido espesso e amarelado, rico em células mortas, bactérias e resíduos inflamatórios.

Por essa razão, o empiema é considerado um derrame pleural complicado. Sua presença indica que o tratamento precisa ser mais agressivo, exigindo não apenas antibióticos, mas também a drenagem obrigatória do pus para que o corpo consiga combater a infecção e evitar complicações graves.

Causas Comuns e Sinais de Alerta

Embora a pneumonia seja a principal vilã, outras situações também podem contaminar o espaço pleural e causar um empiema. É crucial estar ciente delas:

  • Complicações pós-cirúrgicas: Especialmente após cirurgias no tórax (cardíacas ou pulmonares).
  • Trauma torácico: Ferimentos penetrantes (como por faca ou projétil) ou traumas que causem lesões internas.
  • Ruptura de órgãos: A ruptura do esôfago, por exemplo, pode liberar conteúdo contaminado diretamente no tórax.
  • Extensão de outras infecções: Infecções no mediastino (espaço central do tórax) ou no abdômen (como um abscesso no fígado) podem se estender para o espaço pleural.

Os Sinais de Alerta: Quando Suspeitar?

A apresentação do empiema pode ser traiçoeira, pois seus sintomas muitas vezes se sobrepõem aos da infecção primária. No entanto, existem sinais de alerta que devem levantar a suspeita imediatamente:

  • Febre persistente ou recorrente: Este é talvez o sinal mais importante. O paciente com pneumonia inicia o tratamento com antibióticos, mas a febre não cede ou retorna após uma melhora inicial.
  • Dor no peito: Geralmente uma dor do tipo "pleurítica", que piora com a respiração profunda, tosse ou espirros.
  • Dificuldade para respirar (dispneia): O acúmulo de pus comprime o pulmão, dificultando sua expansão.
  • Tosse produtiva: A tosse pode continuar, muitas vezes com expectoração de catarro espesso.
  • Mal-estar geral: Cansaço extremo, calafrios, suores noturnos e perda de apetite são comuns, indicando uma infecção grave e não controlada.

Principais Tipos de Empiema: Pleural, Vesicular e Outros

Embora o empiema pleural seja o mais conhecido, a condição pode se desenvolver em qualquer cavidade pré-existente do corpo. A localização define o tipo, suas causas e a abordagem terapêutica.

Empiema da Vesícula Biliar: Uma Emergência Cirúrgica

O empiema da vesícula biliar é a forma mais grave de colecistite aguda (inflamação da vesícula) e ocorre em 5% a 15% dos casos. Ele se desenvolve quando a bile, represada por uma obstrução, se torna um meio de cultura para bactérias, transformando o conteúdo da vesícula em pus. As manifestações incluem:

  • Dor intensa no quadrante superior direito do abdômen.
  • Febre alta e calafrios, indicando infecção grave.
  • Vesícula biliar palpável e extremamente dolorosa.

O tratamento é urgente, consistindo em antibióticos e na colecistectomia de urgência (remoção cirúrgica da vesícula) para evitar complicações fatais como perfuração e choque séptico.

Outras Localizações Relevantes

  • Empiema Subdural: Uma coleção de pus no espaço subdural, entre as membranas que revestem o cérebro. É uma infecção intracraniana grave, geralmente resultante da disseminação de sinusites ou otites. Causa febre, dor de cabeça intensa e alterações neurológicas.
  • Abscesso Pélvico: Embora tecnicamente um abscesso, quando uma coleção de pus se forma na cavidade pélvica, ela compartilha a natureza de um empiema. É uma complicação comum após cirurgias abdominais, como apendicectomias, causando febre e dor dias após o procedimento.

As 3 Fases do Empiema Pleural e Seus Tratamentos

O tratamento do empiema é uma corrida contra o tempo, com uma abordagem adaptada à fase evolutiva da doença. Os objetivos são claros: controlar a infecção, drenar o pus e permitir a reexpansão do pulmão. A estratégia é ditada pela progressão da doença, classificada pela American Thoracic Society em três estágios.

Fase I: Exsudativa (ou Aguda)

Esta é a fase inicial (primeiras 24 a 72 horas), marcada por uma resposta inflamatória aguda.

  • Características: O líquido acumulado ainda é fluido, com poucas células e bioquímica próxima do normal.
  • Tratamento: A antibioticoterapia sistêmica é frequentemente suficiente para resolver o quadro, evitando a progressão.

Fase II: Fibrinopurulenta (ou de Transição)

Se a infecção avança (entre 7 e 10 dias), a batalha entre bactérias e o sistema imune se intensifica.

  • Características: O líquido torna-se espesso, turvo e purulento. A deposição de fibrina cria septos que dividem o pus em múltiplas cavidades (loculações), dificultando a drenagem.
  • Tratamento: Apenas antibióticos não são mais suficientes. É mandatória a drenagem pleural com um dreno torácico. Em casos de loculações, podem ser usados fibrinolíticos (medicamentos para dissolver a fibrina) ou realizada uma cirurgia torácica videoassistida (VATS) para quebrar as aderências e garantir a drenagem completa.

Fase III: Organizada (ou Crônica)

Esta é a fase final e mais grave (após 2 a 4 semanas), quando o corpo tenta "cicatrizar" a área.

  • Características: Fibroblastos transformam os depósitos de fibrina em um tecido fibroso e rígido, formando uma "carapaça" que reveste o pulmão (fibrotórax ou encarceramento pulmonar). O pulmão fica aprisionado e não consegue se expandir.
  • Tratamento: A drenagem com dreno é ineficaz. O tratamento é cirúrgico. O procedimento de escolha é a decorticação, no qual o cirurgião remove essa carapaça fibrosa, liberando o pulmão.

Diagnóstico do Empiema: Como a Condição é Confirmada?

Confirmar um diagnóstico de empiema pleural é um processo que combina suspeita clínica, exames de imagem e análise laboratorial.

1. Avaliação Clínica e Exames de Imagem

A investigação começa com a história do paciente (febre, dor torácica, tosse) e exames de sangue que mostram sinais de infecção. Os exames de imagem são cruciais:

  • Raio-X de Tórax: Pode revelar a presença de líquido (derrame pleural).
  • Tomografia Computadorizada (TC) de Tórax: É o exame mais detalhado. Confirma a presença do líquido e mostra se ele está livre ou "preso" em múltiplos bolsões (loculações), um sinal clássico de que o empiema está se organizando.

2. A Análise do Líquido Pleural: A Prova Definitiva

Este é o passo mais importante. Através da toracocentese, uma amostra do líquido pleural é coletada para análise. O diagnóstico de empiema é selado pelos seguintes critérios:

  • Presença de pus visível: Se o líquido drenado é francamente purulento, o diagnóstico é imediato.
  • Identificação de bactérias: A visualização de bactérias no microscópio (bacterioscopia por Gram) ou o crescimento em cultura confirmam a infecção.
  • Análise Bioquímica: Na ausência dos achados acima, um perfil bioquímico de alta inflamação é fortemente sugestivo de um derrame complicado que deve ser tratado como empiema. Os marcadores incluem:
    • pH < 7,2
    • Glicose < 60 mg/dL
    • LDH elevado

Empiema vs. Abscesso Pulmonar: Qual a Diferença?

Embora ambos se refiram a infecções graves com pus no tórax, "empiema" e "abscesso pulmonar" descrevem condições distintas, e a diferença crucial está na localização.

  • Empiema Pleural: A infecção está FORA do pulmão. O pus se acumula no espaço pleural, a cavidade que existe entre a superfície do pulmão e a parede interna do tórax, comprimindo o órgão.
  • Abscesso Pulmonar: A infecção está DENTRO do pulmão. É uma cavidade cheia de pus que se forma diretamente no tecido pulmonar (parênquima), resultado da destruição (necrose) causada por uma infecção severa, frequentemente por broncoaspiração.

| Característica | Empiema Pleural | Abscesso Pulmonar | | :--- | :--- | :--- | | Localização | No espaço pleural (fora do pulmão) | No parênquima pulmonar (dentro do pulmão) | | Mecanismo | Infecção de um derrame pleural pré-existente | Necrose e cavitação do tecido pulmonar | | Aparência na Imagem | Coleção de líquido que comprime o pulmão | Cavidade de parede espessa com nível hidroaéreo | | Origem Principal| Complicação de pneumonia, cirurgia ou trauma | Complicação de pneumonia (muitas vezes por aspiração) |

Em resumo, o abscesso é uma "ferida" infectada dentro do pulmão, enquanto o empiema é uma infecção no "revestimento" externo do órgão. O diagnóstico preciso é essencial, pois as estratégias de tratamento para cada um são distintas.


Compreender o empiema é reconhecer a importância de agir rapidamente diante de uma infecção que não melhora. Como vimos, a chave para um tratamento bem-sucedido está no diagnóstico precoce e na identificação correta de sua fase, pois a abordagem terapêutica muda drasticamente de antibióticos para procedimentos cirúrgicos complexos. A mensagem principal é clara: o empiema não é uma condição que espera. A drenagem do pus e o controle da infecção são cruciais para evitar a perda da função pulmonar e outras complicações graves.

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