Imagem de um vírus da influenza ampliado em um microscópio, com foco em sua estrutura.
Imagem de um vírus da influenza ampliado em um microscópio, com foco em sua estrutura.

O que é Influenza

A influenza ou gripe é doença infecciosa aguda de origem viral que acomete o trato respiratório, comunitária, com distribuição global e com elevada transmissibilidade e a cada inverno atinge mais de 100 milhões de pessoas na Europa, Japão e Estados Unidos, causando anualmente a morte de cerca de 20 a 40 mil pessoas somente neste último país.

Vírus que causa Influenza (gripe)

O agente etiológico é o Myxovirus influenzae, ou vírus da gripe. Este subdivide-se nos tipos A, B e C, sendo que apenas os do tipo A e B apresentam relevância clínica em humanos.

O Vírus

O agente etiológico da gripe é o Myxovirus influenzae, também denominado vírus influenza. Os vírus influenza são partículas envelopadas de RNA de fita simples segmentada e subdividem-se nos tipos A, B e C, sendo que apenas os do tipo A e B têm relevância clínica em humanos. Os vírus influenza A apresentam maior variabilidade e portanto são divididos em subtipos de acordo com as diferenças de suas glicoproteínas de superfície, denominadas hemaglutinina (H) e neuraminidase (N). Existem 15 tipos de hemaglutinina e 9 tipos de neuraminidase identificadas em diferentes espécies animais. Atualmente são conhecidas três hemaglutininas (H1, H2 e H3) e duas neuraminidases (N1 e N2) presentes nos vírus influenza do tipo A adaptados para infectar seres humanos.

Reservatórios dos Vírus Influenza A, B e C

Os vírus da Influenza A estão presentes na natureza em diversas espécies, incluindo humanos, aves, suínos, cavalos, focas e baleias.
Os vírus Influenza B e C têm como reservatório somente seres humanos.

Transmissão

A transmissão ocorre por contato direto (pessoa-pessoa) ou através de superfícies ou objetos contaminados (indireta).

 A transmissão direta ocorre através de gotículas de aerossol (> 5 micras de diâmetro) expelidas durante o ato de espirrar, tossir ou falar de indivíduo infectado. A pessoa com Influenza pode transmitir o vírus a outras pessoas até aproximadamente a 1 metro e meio de distância. Essa disseminação ocorre mais facilmente em ambientes fechados, sobretudo no inverno, quando as pessoas ficam por mais tempo juntas.
Transmissão indireta – uma pessoa pode adquirir Influenza ao tocar com as mãos, uma superfície ou um objeto contaminado com o vírus da Influenza e em seguida tocar os olhos, boca ou nariz.

Estudos têm demonstrado que o vírus da Influenza pode sobreviver por 24 a 48 horas em superfícies como mesas de cafeterias, livros, superfícies rígidas, teclado de computador, maçanetas e mesas de escritório.
Lavar as mãos com frequência ajuda você a reduzir as chances de se contaminar a partir desses objetos e superfícies.

Estrutura do sítio ativo das enzimas

O sítio ativo da enzima é uma fenda, fenestra ou sulco tridimensional localizado na superfície da enzima. É formado pelos grupos das cadeias laterais dos aminoácidos. Os aminoácidos do sítio ativo estão distantes entre si na sequência primária da enzima, mas se aproximam com o enovelamento da cadeia polipeptídica da enzima. Esse enovelamento é o resultado de interações não-covalentes na estrutura terciária (liga o substrato por diversas atrações fracas). O centro ou sitio ativo permite especificidade.

Período de INCUBAÇÃO DA iNFLUENZA

1 a 4 dias. Um único indivíduo infectado pode transmitir a
doença para um grande número de pessoas suscetíveis.

Período de Transmissibilidade

1 dia antes do início dos sintomas e até 7 dias após o início dos sintomas; entretanto, os indivíduos afebris há mais de 24 horas não apresentam mais um risco importante de transmissão na comunidade.
Esse período depende da idade e de doenças que a pessoa possua. Em crianças e em pacientes imunossuprimidos, esse período pode ser mais prolongado.

Como Reduzir a Transmissão da Influenza

-Vacinar anualmente.
– Boas práticas de Higiene: Higienização das mãos com água e sabão ou usar álcool-gel a 70%.
– Evitar manipular lenços ou objetos usados por uma pessoa doente.
– Utilizar lenço descartável ao espirrar, tossir ou falar e jogar o lenço no lixo após o uso.
– Pessoas doentes devem permanecer em casa, evitando ir ao trabalho ou à escola.
-Se não tiver lenços de papel, use o cotovelo ao tossir ou espirrar e, em seguida, lave as mãos.
Caso seja necessário ir a uma Unidade de Saúde, comunique que está gripado e solicite uma máscara cirúrgica para evitar a transmissão para outras pessoas.

Gravidade da Doença

A gravidade da doença durante as epidemias e pandemias de influenza é bastante variável, causando desde quadros de rinofaringite leve até pneumonia viral com complicações fatais. A presença de febre acompanhada de manifestações respiratórias e sintomas sistêmicos como dores musculares, calafrios ou fadiga auxiliam muito na distinção da influenza de outras infecções respiratórias como o resfriado comum, porém não são suficientemente específicos para se fazer um diagnóstico totalmente seguro sem confirmação laboratorial. No entanto, informações sobre a circulação do vírus influenza na comunidade podem aumentar a especificidade do diagnóstico clínico.

As infecções pelos vírus influenza A dos subtipos H1N1, H2N2 e H3N2 e pelos vírus do tipo B normalmente causam um espectro similar de quadros clínicos. No entanto, a freqüência de infecções graves com necessidade de internação ou com complicações fatais é significantemente maior nas infecções causadas pelo influenza A do que nas causadas pelo influenza B.

Sintomas

Os sintomas mais frequentes da gripe são caracterizados por febre, calafrios, cefaléia, tosse seca, dor de garganta, congestão nasal ou coriza, mialgia, anorexia e fadiga. A febre normalmente varia entre 38 a 40oC com duração de 1 a 3 dias e pico nas primeiras 24 horas. Também são observados em menor freqüência náuseas, dores abdominais, diarréia e fotofobia. Em adultos e crianças saudáveis, a doença dura cerca de uma a duas semanas, e as conseqüências da mesma são geralmente moderadas. Por outro lado, o impacto em idosos ou indivíduos portadores de doenças crônicas pode ser mais grave, resultando muitas vezes no desenvolvimento de pneumonia viral e bacteriana e descompensação de agravos de saúde pré-existentes, com conseqüente necessidade de hospitalização.

Complicações mais Frequentes

Pneumonias bacterianas secundárias, pneumonia viral
primária, miosite, miocardite, pericardite, síndrome de Guillain-Barré, encefalite e mielite transversa.

Imunização

Nas últimas décadas, a imunização anual com vacinas inativadas contra influenza tem sido a principal medida para a profilaxia da gripe e redução da morbi-mortalidade relacionada à doença. Atualmente, entre 180-200 milhões de doses de vacina contra influenza são distribuídas e utilizadas a cada ano no mundo.

Além disso, o contínuo impacto causado pelo vírus influenza, tanto em indivíduos de risco – idosos e portadores de patologias crônicas -, como na população geral, vem motivando o desenvolvimento de novas abordagens para sua prevenção e controle. Dentre elas, merece destaque o desenvolvimento nos Estados Unidos de uma vacina nasal de vírus atenuados,  o surgimento de vacinas inativadas contendo adjuvantes, vacinas produzidas em culturas de células ao invés de ovos embrionados de galinha e estratégias de vacinação em trabalhadores sadios visando a redução dos prejuízos econômicos diretos (despesas médicas) e indiretos (diminuição da produtividade e absenteísmo) relacionados à doença.

Baseado nas recomendações da OMS não só relacionadas à composição da vacina, mas também orientando quais os principais grupos alvo para a vacinação, as autoridades de saúde de cada país formulam políticas específicas para seus programas de imunização

Tabela de quem deve se vacinar contra inflenza

No Brasil, a recomendação oficial para a vacinação contra influenza tem sido direcionada aos idosos. A imunização dos indivíduos acima de 65 anos de idade foi instituída na cidade de São Paulo a partir de 1998, após a aprovação da lei municipal 12.326/97. A seguir, em junho de 1998, foi provada a lei estadual 10.003/98 estendendo a vacinação do idoso para todo o Estado de São Paulo. Em 1999, o Ministério da Saúde decidiu incluir no programa nacional de imunização a vacinação contra influenza para indivíduos com mais de 65 anos de idade, alcançando cobertura vacinal acima de 80% em todo o país. A partir de 2000, as autoridades de saúde do governo federal diminuíram a faixa etária de corte para a vacinação anual contra influenza de 65 para 60 anos de idade

Imunização X Produção de Anticorpos

Após duas a três semanas da vacinação começa a produção de anticorpos contra a Influenza. É recomendável que a vacinação seja realizada anualmente nos meses de outono,
objetivando-se, assim, que os níveis máximos de anticorpos sejam coincidentes com os meses de inverno, onde a doença é mais incidente em consequência da maior circulação vírus.

Imunização X Produção de Anticorpos

O vírus Influenza induz altas taxas de mutação durante a fase de replicação, em especial, da hemaglutinina e euraminidase, as duas glicoproteínas de superfície do vírus. Estas mutações ocorrem de forma independente e provocam, habitualmente, o aparecimento de novas variantes para as quais a população ainda não apresenta imunidade, já que a infecção prévia por determinada cepa confere pouca ou nenhuma proteção contra os vírus de surgimento mais recente. O efeito da vacina garante apenas um período de 6 a 10 meses de imunização, fazendo-se necessária a vacinação anualmente.

Síndrome Gripal X Síndrome Respiratória Grave

Síndrome gripal: Na ausência de outro diagnóstico específico, considerar o paciente com febre, de início súbito, mesmo ainda que referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta e pelo menos um dos sintomas: mialgia, cefaleia ou artralgia.
SRAG – individuo de qualquer idade, com internação hospitalar, por doença respiratória aguda grave caracterizada por febre, tosse e dispneia, acompanhada ou não dos seguintes sintomas: aumento da frequência respiratória de acordo com a idade, hipotensão em relação à pressão arterial habitual do paciente; em crianças, além dos itens acima, observar também: batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência.
A dificuldade para respirar pode ser um sinal importante para a doença, assim como a presença de hipoxemia, desidratação, sonolência e a persistência da febre por mais de 72h.

Diagnóstico Laboratórial

De forma geral, a amostra preferencial para o diagnóstico
laboratorial é a secreção da nasofaringe, colhido de preferência nos primeiros três dias do aparecimento dos sinais e sintomas.
*Seguir a técnica recomendada pelo Laboratório.

Tratamento

O antiviral Oseltamivir quando indicado deve ser utilizado
preferencialmente nas primeiras 48 horas pois quanto mais precoce maior a eficácia. Em pacientes hospitalizados os estudos mostraram algum benefício na redução da mortalidade em pacientes que iniciaram o tratamento até 96 horas. Portanto, iniciar o tratamento mesmo sem o resultado do exame para detectar vírus da Influenza.
Atentar para as interações medicamentosas, as contraindicações e os efeitos colaterais.

Bibliografia

  • https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822003000200011
  • https://www.riscobiologico.org/lista/20190424_01.pdf
  • http://somerj.com.br/novosite/pdf/INFLUENZA-ABRIL2018FINALIZADA.pdf

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